ATA DA VIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLTURA, EM 24.04.1996.

 

 


Aos vinte e quatro dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e seis, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antônio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’ Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulso cópias das Atas da Décima Quinta Sessão Ordinária, e da Quarta Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 03 Pedidos de Informações nºs 53, 54, 56/96 (Processos nºs 1070, 1071 e 1075/96); pelo Ver. Clovis Ilgenfritz, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Edi Morelli, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Luiz Negrinho, 01 Pedido de Informações nº 57/96 (Processo nº 1083/96). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 243/96 do Presidente da Câmara Municipal de Campo Bom/RS. Ver. Marco Orsi Júnior; 546/96, do Presidente da Câmara Municipal de Ribeirão Preto/SP, Ver. Valério Veloni; s/nº do Presidente da Companhia Riograndense de Telecomunicações – CRT, Sr. Cristiano Roberto Tatsch; s/nº do Dep. Estadual Valdir Fraga; s/nº da Verª Clênia Maranhão. A seguir, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica Municipal, Tribuna Popular, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Sr. Sady Jacques, Presidente da Associação Amigos da Terreira da Tribo de Atuadores “Oi Nóis Aqui Traveiz”, que discorreu sobre a preservação do espaço de trabalho e criação do grupo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Lauro Hagemann teceu considerações sobre o Grupo Teatral Terreira da Tribo, enfatizando a sua contribuição para a divulgação do nome de Porto Alegre no cenário nacional e internacional. O Ver. Luiz Braz discorreu sobre o tema da Tribuna Popular, criticando o descaso da Administração Municipal aos apelos do Grupo da Terreira da Tribo referentes ao seus problemas de instalações. A seguir, o Sr. Presidente registrou que o Ver. Lauro Hagemann falou também em nome da Bancada do PMDB. E, COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Antônio Hohlfeldt reportou-se ao tema da Tribuna Popular, lamentando a falta de encaminhamento adequado aos problemas referentes às instalações do grupo Terreira da Tribo. Em continuidade, o Sr. Presidente registrou que o Ver. Antônio Hohlfeldt, falou também em nome da Bancada do PFL. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Verª Helena Bonumá, discorreu a respeito do tema da Tribuna Popular, comentando que a Bancada de Sua Excelência é solidária ao grupo Terreira da Tribo, estando à disposição do mesmo para tentar solucionar o problema da ação de despejo. A seguir, o Sr. Presidente acusou o recebimento da Moção de Apoio ao Grupo da Terreira da Tribo, assinada por todas as Bancadas da Casa. O Sr. Presidente informou, ainda, que a presente moção irá ao protocolo da Casa e após voltará para votação em Plenário. Às quatorze horas e quarenta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo reabertos às quatorze horas e cinqüenta minutos, constatada a existência de “quorum”. A seguir, foi iniciado o período de PAUTA. Em Discussão Preliminar, 2ª Sessão, estiveram: os Projetos de Lei do Legislativo nºs 37, 44, 47/96, este discutido pelo Ver. Edi Morelli, 48/96 e 52/96; o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 02/96; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 06/96. Em 3ª Sessão, estiveram: os Projetos de Lei do Legislativo nºs 23/96, 42/96 e 49/96; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 05/96; os Projetos de Lei do Executivo nºs 16/96, 18/96 e 19/96; o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 03/96; discutido pelo Ver. Reginaldo Pujol; o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/96, discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol e José Valdir. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Reginaldo Pujol manifestou sua posição em relação à inconstitucionalização do Orçamento Participativo. O Ver. João Dib discorreu a respeito do congestionamento no trânsito de Porto Alegre, especialmente na área da Estação Rodoviária. O Ver. Airto Ferronato criticou a Primeira Dama do País, considerando que a mesma obteve vantagens através do direito autoral de uma obra elaborada pelo Sr. Bill Gates. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em continuidade, o Sr. Presidente apregoou a Emenda nº 16 ao Projeto de Resolução nº 10/94, do Ver. João Verle e a licença para tratamento de saúde, no dia de hoje, do Ver. Décio Schauren. A seguir, após ser encaminhado à votação pelo Ver. Reginaldo Pujol, foi aprovado, Requerimento do Ver. José Valdir solicitando inversão dos trabalhos nesta Ordem do Dia. Em continuidade, após ser encaminhado à votação nominal pelo Ver. Reginaldo Pujol, foi aprovado por vinte e cinco votos SIM e 01 NÃO, o Requerimento nº 64/96 do Ver. José Valdir, votando sim os Vereadores Airto Ferronato,  Antônio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clovis Ilgenfritz, Dilamar Machado, Fernando Záchia, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Nereu D’ Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Raul Carrion, Wilton Araújo e votando Não com declaração de voto, o Ver. Reginaldo Pujol. A seguir foram aprovados os Requerimentos nº 61/96, do Ver. Décio Schauren; do Ver. João Dib, solicitando regime de urgência e reunião conjunta da Comissão de Constituição e Justiça, Comissão de Economia, Finanças e Orçamentos e da Comissão de Educação, Cultura e Esportes, ao Projeto de Resolução nº 5/96. Após, os trabalhos foram regimentados suspensos, às dezesseis horas e onze minutos, sendo reabertos às dezesseis horas e treze minutos, constatada a existência de “quorum”. Em continuidade, após ser encaminhado pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Antonio Hohlfeldt, Nereu D’ Ávila, João Dib, Jocelin Azambuja, Airto Ferronato, Henrique Fontana, foi rejeitado, através de votação nominal solicitada pelo Ver. Wilton Araújo, o Requerimento do Ver. Clovis Ilgenfritz, solicitando seja retirado de tramitação o Projeto de Lei do Legislativo nº 270/91 por dez votos SIM e doze NÃO, votando Sim os Vereadores, Clovis Ilgenfritz, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Motta, João Verle, José Valdir, Paulo Brum, Raul Carrion, votando Não os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Fernando Záchia, João Dib, Jocelin Azambuja, Mário Fraga, Nereu D’ Ávila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Wilton Araújo. Em continuidade, o Sr. Presidente registrou a presença do Ver. Fernando Vilela do PMDB de Santa Cruz. A seguir, o Ver. Reginaldo Pujol encaminhou o Requerimento nº 70/96, da Verª Clênia Maranhão que foi votado nominalmente através de solicitação do Ver. Wilton Araújo, votando Sim os Vereadores Airto Ferronato, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Motta, João Verle, José Valdir, e votando Não os Vereadores Dilamar Machado, Nereu D’ Ávila, Reginaldo Pujol e optando pela Abstenção os Vereadores Artur Zanella, Clovis Ilgenfritz, João Dib, Paulo Brum, Raul Carrion. Votação esta que foi declarada nula pelo Sr. Presidente, por inexistência de “quorum”. Às dezesseis horas e cinqüenta e nove minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Edi Morelli, Mário Fraga, Fernando Záchia e secretariados pelos Vereadores Fernando Záchia e Reginaldo Pujol. Do que eu, Fernando Záchia, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada  por mim e pelo Sr. Presidente.

 

 

 

 


ERRATA

 

 

ATA DA VIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA – EM 24.04.1996.

 

- Quando dos registros referentes ao período de PAUTA, acrescentar que o Ver. João Dib discutiu o Projeto de Lei do Legislativo nº 37/96.

 

- Durante a ORDEM DO DIA, devem ser alterados os registros referentes ao Requerimento do Ver. José Valdir, de inversão dos trabalhos, tendo em vista que o Ver. Reginaldo Pujol formulou mediante a este Requerimento e não um encaminhamento à votação.

 

- Durante a ORDEM DO DIA, após o registro da suspensão dos trabalhos ocorrida das dezesseis horas e onze minutos às dezesseis horas e treze minutos, onde se lê “(...) Em continuidade, após ser encaminhado pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Antonio Hohlfeldt, Nereu D’ Ávila, João Dib, Jocelin Azambuja, Airto Ferronato, Henrique Fontana, foi rejeitado, através de votação nominal solicitada pelo Ver. Wilton Araújo, o Requerimento do Ver. Clovis Ilgenfritz, solicitando seja retirado de tramitação o Projeto de Lei do Legislativo nº 270/91, por dez votos SIM e doze NÃO(...)” leia-se “(...)Em continuidade, foi rejeitado Requerimento do Ver. Clovis Ilgenfritz, solicitando seja retirado de tramitação o Projeto de Lei do Legislativo nº 270/91 e o Substitutivo nº 02 a ele aposto, por dez votos SIM e doze votos NÃO, após ser encaminhado pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Antonio Hohlfeldt, Nereu D’ Ávila, João Dib, Jocelin Azambuja, Airto Ferronato e Henrique Fontana, em votação nominal solicitada pelo Ver. Wilton Araújo (...)”.

 

 

 

O SR. PRESIDENTE (Edi Morelli): De acordo com o art. 100, da Lei Orgânica do Município, a Associação Amigos da Terreira da Tribo de Atuadores “Ói Nóis Aqui Traveiz”, o Sr. Sady Jacques, Presidente da Entidade, falará sobre a preservação do espaço de trabalho e criação, em TRIBUNA POPULAR.

 

O SR. SADY JACQUES: Boa tarde ao Sr. Presidente desta Câmara, aos Srs. Vereadores, às Sras. Vereadoras, demais cidadãos e cidadãs aqui presentes. (Lê.)

 

“A HISTÓRIA DA TRIBO”

 

A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz surgiu em 1978 sob o signo do teatro revolucionário de Antonin Artaud. Insatisfeita com o teatro convencional, a tribo procurou uma renovação radical da linguagem cênica, centrada no contato direto entre atores e espectadores. Aboliu a divisão palco/platéia criando ambientes cênicos com o espectador integrado ao espaço: investigou novas formas de expressão e treinamento para o ator: e levou o teatro para as ruas da cidade. Em 1984 criou a TERREIRA DA TRIBO, um Centro de Experimentação e Pesquisa Cênica, que transformou-se num dos principais centros de investigação cênica do país. Organiza neste espaço um trabalho de formação teatral, através de Oficinas de iniciação, pesquisa de linguagem e treinamento do ator. As encenações da Tribo dividem-se em duas linhas principais: o teatro de rua, voltado a uma linguagem mais popular; e o teatro ritual, geralmente realizado em seu espaço próprio. Todo o trabalho da Tribo é baseado no coletivo, tanto na produção das atividades teatrais como na manutenção do espaço. A história da Tribo é marcada por uma trajetória de ruptura, invenção e intervenção, na busca da transformação do teatro e da sociedade.

 

MISSA PARA ATORES E PÚBLICO SOBRE A PAIXÃO E O NASCIMENTO DO DOUTOR FAUSTO DE ACORDO COM O ESPÍRITO DE NOSSO TEMPO

 

O espetáculo recria o mito de FAUSTO, o mago lendário da Idade Média que fez um pacto com o demônio. Um personagem que deu origem a um dos mais importantes e universais mitos esotéricos e psicológicos. FAUSTO simboliza uma ação essencialmente humana e universal de aspiração sem barreiras, de superação de limites e de construção de utopias. A encenação do DOUTOR FAUSTO coloca para o público dois fatores essenciais da emancipação humana: o desejo de conhecimentos e o princípio do prazer, fatores de contra-poder e motor de revoluções. Através da Pesquisa RAÍZES DO TEATRO o Ói Nóis Aqui Traveiz busca as condições para que o Teatro regresse à sua vocação de origem que é o ritual. Um Teatro Ritual que privilegia a ação cênica, o  acontecimento vivido por atores e espectadores – um teatro de vivência. Uma proposta dionisíaca, de participação física, que leva o espectador à busca da compreensão dos mistérios da existência humana, ao invés de deixá-lo vagar comodamente à superfície de si mesmo.

 

DANÇA DA CONQUISTA

 

DANÇA DA CONQUISTA coloca em cena o maior genocídio da história da  humanidade: a conquista da América pela Europa colonialista. Genocídio de que somos todos herdeiros, testemunhas e juizes. A encenação persegue o ritmo e a forma do ritual cênico, sendo conduzida como o andamento de uma dança em que os vencidos vêm invocar as imagens de  sua própria visão-versão da história. O texto resulta da seleção e colagem de fragmentos de fontes bíblicas, poéticas e documentárias, representativas da atmosfera místico profana própria dos tempos da Conquista. DANÇA DA CONQUISTA invoca sua força expressiva máxima no entrechoque sucessivo de signos representativos do universo mitológico latino-americano marcado na contradição de uma herança européia dominante sobre raízes indígenas e também africanos – aqui transplantadas. O recurso ao mundo dos mitos busca a comunicação pela via simbólica, que emerge da ressonância que provocam as imagens objetivas do Teatro sobre as imagens subjetivas que habitam o inconsciente coletivo de nossos povos.

 

SE NÃO TEM PÃO, COMAM BOLO!

 

SE NÃO TEM PÃO, COMAM BOLO! Toma por referência a célebre frase da rainha da França, Maria Antonieta, quando no princípio da Revolução Francesa, pressionada em seu palácio pelo povo que pedia pão, pateticamente perguntou porque não comiam brioches. Encenação popular, esta fábula política recorre do fato histórico para falar de problemas cotidianos que afligem a maioria dos brasileiros: a fome, a opressão, os desmandos do poder e a corrupção dos políticos. Os personagens são saltimbancos contadores de histórias, que de uma forma satírica e divertida contam para o povo, nas ruas, o que a sociedade burguesa procura esconder: a luta de classes.

 

OS TRÊS CAMINHOS PERCORRIDOS POR HONÓRIO DOS ANJOS E DOS DIABOS

 

Esta versão livre da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz para a peça de João Siqueira conta a saga de um camponês, que expulso da sua terra chega à cidade grande onde se transforma em líder operário.

Os crimes do latifúndio, a luta dos sem-terra, o êxodo rural, as péssimas condições de vida do operariado, a repressão policial ao movimento dos trabalhadores, a cooptação das lideranças operárias pelo Sistema – são acontecimentos vivos do Brasil de hoje presentes nos espetáculos. Utilizando-se do lirismo e da plasticidade da música e das máscaras, das pernas-de-pau e dos bonecos, a peça traz à cena a tragédia e a esperança da luta dos trabalhadores brasileiros. OS TRÊS CAMINHOS PERCORRIDOS POR HONÓRIO DOS ANJOS E DOS DIABOS representa o conflito do homem, quer seja com o meio, quer com o sonho/desejo, quer consigo mesmo.

 

INDEPENDÊNCIA OU MORTE!

 

Tomando emprestada da história a conhecida frase de Dom Pedro I às margens do riacho Ipiranga, os contadores de história do Ói Nóis Aqui Traveiz trazem a público uma nova leitura, não-oficial, da formação da nossa sociedade. Procuram nesse processo desmistificar os chamados ‘heróis’, valorizando a verdadeira força de trabalho e cultura brasileiras. A invasão das terras dos nativos americanos e a vinda do povo africano expatriado e escravizado, servem na narrativa de INDEPEDÊNCIA OU MORTE! para exemplificar  a opressão e pobreza em que vive a maioria da nossa gente. O tom bem-humorado e irônico como são tratados os ‘heróis’ oficiais tem o objetivo de arejar a maneira bolorenta como nos contam a história de nosso país, enaltecendo nomes de uns poucos em detrimento da grande maioria que efetivamente foi e é a nossa nação. Essa história, a História verdadeira, é rica, viva, construída entre festas e guerras, paixões e mortes, carinho e ódio. E seu personagem principal somos nós, o povo brasileiro.

 

A INCRÍVEL HISTÓRIA DE HÉRACLES

 

O Olimpo, a morada dos deuses, está em polvorosa pois a toda poderosa Hera flagrou mais uma escapadela de seu marido Zeus. Desse namoro do deus com uma mortal nasce Héracles e tem início a sua incrível história. É contada a trajetória desse herói grego, o mais forte dentre os mortais desde o berço até a sua chegada ao Olimpo.

E é claro que a deusa Hera, vingativa e ciumenta, está por trás de tudo, pois insatisfeita com a traição, persegue Héracles durante a sua vida mortal, fazendo com que ele supere barreiras intransponíveis até surgir a imortalidade. Héracles é obrigado a seguir até os confins da terra a rota zodiacal de seus trabalhos, é um herói demasiado humano, cego como todos, embora mais forte e mais hábil do que os outros, arremessado ao céu por exigências celestes de seu pai Zeus, sendo por fim aceito pela madrasta entre os bem-aventurados como um igual.

 

ÁLBUM DE FAMÍLIA

 

ÁLBUM DE FAMÍLIA, criação da Oficina de Experimentação e Pesquisa Cênica, traz à cena o ‘Teatro desagradável’ de Nélson Rodrigues, é a explosão das paixões humanas e dos complexos pessoais e coletivos latentes no inconsciente e expostos em público na forma de espetáculo. A espinha dorsal deste teatro são os opostos intercomplementares: ódio-hipocrisia-autenticidade-profano-sagrado-demência-sanidade-coletivo-individual, etc. Num plano mais profundo, essa mesma composição e trama de ações desagradáveis possuem como matriz o mundo mágico-mítico dos complexos. O real e o mítico se sobrepõem. É a aventura do homem enquanto espécie. Enquanto civilização em estado de degeneração.

Em ÁLBUM DE FAMÍLIA, os tipos de complexos são elaborados magistralmente no interior da composição e trama das ações. Escandalizam os atos inconfessáveis, mórbidos, obscenos e desumanos. Revoltam o desvelamento público dos sonhos da carne e da mente duma família patriarcal em plena decadência física, psíquica e moral. Religam o homem atual ao homem arcaico de civilizações pré-modernas, supurando complexos coletivos e pessoais. Não se trata de uma volta às cavernas. Mas dum mergulho no inconsciente selvagem. No espaço de liberdade da atuação, o oculto se revela, o dentro explode. Para além do controle social.

 

A HEROÍNA DE PINDAÍBA

 

A HEROÍNA DE PINDAÍBA, criação da Oficina de Teatro de Rua, é uma livre adaptação da peça ‘O Homem que era uma Fábrica’ de Augusto Boal. O espetáculo conta as aventuras e desventuras da personagem Matilda Silva da Silva, brasileira desempregada, em busca do visto para imigrar para os Estados Unidos, e alcançar o seu sonho dourado: emprego e lugar onde morar. Matilda, escudada pela sua amiga Santinha, precisa atravessar várias peripécias para vencer a barreira sanitária da embaixada americana, que impede os moradores de Pindaíba de imigrarem. A nossa heroína, livre de amebas e bactérias, transforma a sua ‘matéria fecal’ em símbolo do cocô brasileiro saudável. A partir daí, a possibilidade de enriquecer vendendo o seu cocô para todos aqueles que também sonham com as delícias do ‘american way of life’. O registro de nossa situação social através da alegoria, da farsa, e dos personagens ‘clownescos’ fazem de A HEROÍNA DE PINDAÍBA mais uma expressão do nosso Teatro Popular, criando uma empatia imediata com o público das ruas. Sua aparente descontração, seu clima de brincadeira, seu humor, escondem um instrumento crítico potente.

A conquista da Terreira da Tribo, em 1984, foi decisiva para a concretização dos propósitos da Tribo de Atuadores Oí Nóis Aqui Traveiz.

A Terreira da Tribo é um centro de experimentação e pesquisa cênica que coloca em prática idéias que buscam uma sociedade ativa e consciente.

A Tribo de Atuadores Ói Nói Aqui Traveiz surgiu num momento de muita tensão política: era final de 1977 e as pessoas procuravam alternativas para se manifestar e realizar mudanças sociais. Neste contexto, um grupo de artistas e estudantes insatisfeitos com o teatro convencional, lançou-se em busca de uma nova linguagem cênica – na qual o teatro fosse agente de reflexão e mobilização.

Desde o princípio, houve a busca de um teatro que tivesse uma intervenção dentro da sociedade, que participasse ativamente das lutas sociais da cidade e do país. Um teatro radical que não apenas comentasse a vida, mas interferisse nela. Portanto era necessário buscar uma nova relação entre ator e espectador. Para uma nova relação: um novo ator, uma nova técnica.

O posicionamento do grupo persegue o ideal do coletivo, sem divisão hierárquica de funções: a figura do produtor, diretor ou ator não existe, mas sim uma divisão natural de tarefas conforme as necessidades e responsabilidades individuais. Para cada atividade, a pesquisa e a linguagem são diferentes, mas com um único objetivo: buscar a comunhão com o público, libertando-o da condição passiva de meros espectadores. Essa busca exige um outro espaço cênico. E é com esta perspectiva que o grupo passa a atuas na rua, buscando sair do circuito do público habitual de teatro e realizar um trabalho mais eficaz: um teatro de combate presente no dia-a-dia da cidade. Desde 1988 desenvolve os projetos:

Caminho Para Um Teatro Popular, criando um circuito regular de apresentação em ruas, praças e vilas populares, democratizando o espaço da arte, oportunizando vivências e reflexões para um público carente econômica e culturalmente.

Teatro Como Instrumento de Discussão Social, fomentando a organização de grupos culturais na periferia, através da realização de oficinas teatrais.

Oficina de Teatro Sindical, que tem a finalidade de criar um núcleo de ação teatral dos trabalhadores.

Desde o seu início, a Terreira da Tribo, está aberta a várias manifestações culturais, como: ‘shows’ de música, ciclos de filmes e vídeos, debates e celebrações, além de oportunizar às pessoas em geral, o contato com o fazer teatral. As oficinas teatrais são abertas e gratuitas e concorrem para minorar a  elitização resultante da escassez de centros de formação e informação cênica.

Desde o final da década de 80, o grupo aprofunda o trabalho de investigação sobre a encenação ritualística, desenvolvendo a pesquisa Raízes do Teatro, que nesta etapa apresenta: Missa Para Atores e Público Sobre a Paixão e Nascimento do Dr. Fausto de Acordo com o Espírito de Nosso Tempo.

A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz consolidou-se no panorama do teatro brasileiro como um grupo profissional que pesquisa e revitaliza a linguagem teatral e expressa uma continuidade de trabalho ativo, conseqüente e de profundo alcance cultural, acreditando que a necessidade do teatro é criar o novo homem.

‘Queremos que o teatro seja uma realidade na qual se possa acreditar, contendo, para o coração, contidos essa espécie de mordida concreta que toda sensação verdadeira implica. Assim como nossos sonhos atuam sobre nós a realidade também atua no que achamos possível identificar as imagens do pensamento a um sonho, que será eficaz desde que lançado com a devida violência. E o público acreditará nos sonhos e que os tome por sonhos e não por decalques da realidade; desde que lhe permitam liberar essa liberdade mágica dos sonhos que só pode ser reconhecida na forma de rastros de terror e crueldade. Quem me proibiria de acreditar no sonho do teatro quando acredito no sonho da realidade? Quando sonho, faço algo e, no teatro, faço alguma coisa. Os acontecimentos do sonho, conduzidos pela minha consciência profunda, me ensinam o sentido dos acontecimentos da vigília e sou conduzido pela fatalidade inteiramente nua. Ora, o teatro é, uma grande vigília na qual sou eu quem conduz a fatalidade. Mas esse teatro onde conduz para a fatalidade pessoal, que tem como ponto de partida o sopro, e que depois do sopro se apoia no som ou no grito, é preciso para refazer a cadeia para que o espectador no espetáculo procura sua própria realidade, permitir que esse espectador se identifique com o espetáculo, sopro pelo tempo por tempo'. Antonin Artaud.”

 

Sr. Parlamentar

 

A Associação dos Amigos da Terreira da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz vem, a sua presença, expor o que segue:

A Terreira da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz é hoje o mais importante centro de Pesquisa e Experimentação Cênica do Estado do Rio Grande do Sul e luta pela preservação do espaço que ocupa desde 1984, na Rua José do Patrocínio, 527, bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, em imóvel alugado.

O valor do trabalho do Grupo, com 18 anos de trajetória criadora e inventora, é reconhecido pela Secretaria Municipal de Cultura e pela I Conferência Municipal de Cultura, realizada em dezembro de 1995 e janeiro de 1996, a qual apontou como diretriz, a preservação do espaço referido.

Em 27 de março corrente, a Terreira da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz recebeu a notificação judicial que ordena, conforme exigência do proprietário, a desocupação do local em 30 (trinta) dias.

 

Assim sendo, vimos solicitar a sua colaboração e empenho no sentido de impedir o prosseguimento deste processo de extinção do Território Cultural Terreira da Tribo, em razão de sua importância história inegável e da fragilidade a que fica exposta neste momento.

Esta Casa já manifestou de forma unânime o seu apoio em Tribuna Popular ocorrida em 1994, por determinação do então Presidente desta Câmara Legislativa, Ver. Luiz Braz, foi solicitada audiência com o Sr. Prefeito Tarso Genro, que, imediatamente, providenciou a análise da questão. O processo, com a avaliação preliminar equivocada, em nosso entendimento está sendo reaberto. Desta forma solicitamos, aqui, o auxílio inestimável dos Srs. Edis, sensíveis aos anseios da comunidade em geral e do Movimento Cultural em particular, no sentido de fazer ver ao Poder Executivo o real valor simbólico e cultural da causa em questão. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Sr. Sady Jacques a fazer parte da Mesa. Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, em comunicação de Líder.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, prezado companheiro Sady Jacques, Presidente da Associação Amigos da Terreira da Tribo de Atuadores  “Ói Nóis Aqui Traveiz”. Em primeiro lugar e desde já a nossa integral solidariedade ao movimento que a Tribo inceta neste momento para manter o seu espaço cultural. Tudo o que o Jacques disse a cidade sabe, mas não sabe o suficiente para se engajar no processo de manutenção daquele espaço cultural. A Terreira da Tribo “Ói Nóis Aqui Traveiz”, hoje, já inseriu Porto Alegre no calendário cultural do país, da América do Sul e já está se estendendo para outras partes do mundo. É um trabalho ingente que a Prefeitura de Porto Alegre tem que entender e respaldar porque é um grupo que já está atingindo a sua maioridade, 18 anos, e que nesse tempo só fez projetar o nome de Porto Alegre pelo cenário artístico. Sob o aspecto teatral, é muito interessante o trabalho da Tribo, interessante e fundamental, porque vê o teatro não apenas como uma representação cênica. É um processo de linguagem, de aproximação dos autores com a sociedade no sentido de transformá-la. Quem já ouviu falar em teatro no mundo sabe que desde os tempos dos gregos esse propósito foi perseguido, mas nem sempre com a dedicação, com empenho e objetividade com que a Terreira da Tribo está fazendo hoje. Por isso, temos a obrigação de ajudar vocês a preservarem esse espaço cultural. Se em outras ocasiões a Prefeitura já interveio, nós precisamos instá-la para que, mais uma vez, se faça presente neste processo porque é o mínimo que se pode fazer, a intervenção do aparelho de Estado e um processo de Preservação de um espaço cultural que significa muito para a sociedade porto-alegrense sob os mais variados aspectos. É nesse sentido a nossa solidariedade à Terreira da Tribo. Faremos chegar a nossa voz ao Prefeito para que ajude vocês a resolverem esse problema. O espaço físico-cultural é a base de onde vai evoluir esse processo e chegou até aqui por obras deste espaço material que precisa ser preservado. Contem com a nossa solidariedade. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Luiz Braz em Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. Integrantes da Terreira da Tribo, quando fomos Presidente desta Casa em 1994 fomos procurados por representantes deste grupo acompanhados pelo Ver. Antonio Hohlfeldt que passavam por este mesmo problema que agora está se repetindo. Nosso Presidente da Casa, tendo um relacionamento muito bom com o então Prefeito Municipal e também, agora, Prefeito Municipal, Dr. Tarso Genro, marcamos uma audiência com Sr. Prefeito, fomos até o Dr. Tarso, que designou pessoas para que elaborassem um trabalho para que o problema fosse resolvido. Pelo que se nota, parece que a ordem foi emitida pelo Dr. Tarso, foi recebida por alguém, mas não foi passada adiante. Porque se algum esforço foi feito naquela época, em 1994, para que aquela questão pudesse ser resolvida, parece que esses esforços paralisaram-se por ali, e não prosseguiram. Quando ouço o Ver. Lauro Hagemann, que é representante da Frente Popular, vir a esta tribuna e manifestar a sua solidariedade e fico contente porque, afinal de contas, nós precisamos exatamente disso agora, que o Governo Municipal, que é da Frente Popular, possa se manifestar de maneira positiva para, primeiramente, observar o que é que falhou naquelas determinações do Dr. Tarso Genro de resolver um problema existente já naquela época, e, se alguma coisa falhou, o que pode ser corrigido.

Afinal de contas o que temos é uma espada pendente sobre a cabeça deste grupo teatral e da arte da nossa Cidade, da cultura de nossa Cidade. Penso que isso tem que ser resolvido de uma maneira rápida, merece, mais uma vez, a solidariedade, não apenas de uma das Bancadas, mas de toda a Casa; só que muito mais do que a solidariedade desta Casa, já que muitas vezes parece que o Dr. Tarso, o Executivo, parecem manter-se surdos aos apelos que esta Casa faz, esperamos que os próprios representantes da Administração Popular que tem assento nesta Casa, que estes representantes possam levar até o Sr. Presidente Municipal os clamores que faz esta Casa, que representa toda essa sociedade, e vê neste grupo o maior representante daqueles que tentam fazer com que o teatro seja visto por toda uma sociedade, fazendo com que as ruas desta Cidade possam ganhar um colorido diferente, tendo a cultura deste grupo como um dos seus integrantes principais. É a manifestação que faz novamente a Bancada do PTB, hoje não mais como Presidente desta Casa Legislativa, mas apenas como um integrante desta Casa, como Líder de uma Bancada que tem 4 Vereadores, que é a do PTB, alguém que admira o trabalho realizado pela Terreira da Tribo, “Ói Nóis Aqui Traveiz”, que procurou uma vez há algum tempo interceder a favor desse grupo teatral e que, agora, juntamente com todos os Vereadores desta Casa, faz uma manifestação para que os representantes da administração deste Município possam levar os clamores de toda a sociedade, aqui representada pelos clamores dos Vereadores que compõem essa Câmara Municipal, para que essa questão possa ser contornada o mais rapidamente possível. Até para que as pessoas que receberam ordem no passado, em 1994, para resolver uma questão – e parece que nada fizeram, ou pouco fizeram – possam ser cobradas: quais as falhas ou qual o descaso que teve o problema que ensejou essa quase ação de despejo, essa notificação que coloca em polvorosa não apenas esse grupo, mas todos os que amam a cultura nesta Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa registra que o Ver. Lauro Hagemann falou, também, em nome da Bancada do PMDB, além de sua Bancada, o PPS.

O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores; muito especialmente, o Sady, e, através do Sadi, todos os companheiros da Terreira. Por força de profissão, sou, certamente, o que mais tenho acompanhado a história do grupo, porque tenho acompanhado o seu trabalho ainda antes da sede atual da José do Patrocínio. Relembrávamos, no programa do Walter Galvani, na Rádio Guaíba, os tempos do hoje nosso Presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, o Júlio Zanotta Vieira, quando era um dos integrantes do grupo, lá na Ramiro Barcelos; dentre outros, fazia espetáculos que marcaram a história do teatro do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre, como o Café, a Ópera de Mário de Andrade que jamais fora encenada anteriormente. O Prefeito Tarso Genro usa uma expressão até interessante, que é “vontade política” para se referir à necessidade, à possibilidade de, enquanto autoridade, ele, a sua equipe, o seu partido e a Frente, que administra a Cidade, tomarem decisões. Pois, se existe de fato essa tal de “vontade política” do vocabulário do Prefeito Tarso Genro eu só posso concluir que não houve o exercício da vontade política no caso que envolve a Terreira da Tribo. Lembrava, aqui, o Ver. Luiz Braz e o Sadi, no seu discurso, que em 1994 os companheiros da Terreira aqui estiveram pedindo a participação desta Casa. A Casa lá esteve e eu, particularmente, depois estive conversando com o então secretário da cultura, Pilla Vares, fazendo parte da entrega formal de todo o processo – está lá absolutamente documentado – para que se buscasse uma negociação com os proprietários. Lembro, inclusive, que na ocasião, dois dos filhos do antigo proprietário, na época recém falecido alertavam para eventuais dificuldades de um terceiro irmão que não tinha muita simpatia pelo uso do espaço pela Terreira. E se alertava que era preciso se ter um certo cuidado no encaminhamento da questão para não precipitar as coisas e que deveríamos voltar outras vezes para conversar com a Secretaria da Cultura.

Há um mês mais ou menos, fiquei surpreso quando recebi, aqui, o documento e o apelo. Imediatamente, fiz o registro da Tribuna e o Ver. Henrique Fontana dizia-me que a Prefeitura estava tomando providências para resolver o problema da Terreira. Só que o tempo urge. Desde que soube, na segunda-feira, de que o grupo voltava aqui, hoje, para a Tribuna Popular, tratei de fazer aquilo que é da obrigação, lá, da equipe do Prefeito, como é, de resto, da obrigação de qualquer Vereador da Casa. Eu peguei a Lei e fui ver as bases reais que nós teríamos. Não consigo aceitar a referência que o Sadi fez, ainda há pouco, e até pedi que me detalhasse; que o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico pegue a Lei – e eu não posso dizer outra coisa a não ser com má-fé para não dizer outra coisa – e conclua que é impossível tomar qualquer providência em relação à Terreira, porque não é prédio velho e, por isso, não se pode desapropriar. Pois, Senhores, o artigo 139, letra “e”, é claro: “Os índices de construção podem ser produzidos, dentre outras áreas, por prédios declarados de interesse sócio-cultural, na forma da lei”. E o artigo 170, que certamente o Ver. Clóvis Ilgenfritz conhece bem, é muito claro; define o que é interesse sócio-cultural; no seu inciso 2º deixa claro que pode, inclusive, haver o transporte dos índices de construção, ou seja, se não der para resolver o problema de aplicar esses índices sobre a própria área, o próprio bairro onde se encontra a Terreira, os proprietários podem receber isso para qualquer outro bairro.

Srs. Vereadores, nós fizemos isso há pouco tempo e mais, nós duplicamos os valores dos índices a pedido dos proprietários do Cinema Capitólio, para manter ali o cinema. E certamente o Cinema Capitólio, a não ser o prédio que é um pedaço da história desta Cidade, não contribuiu com metade do que as pessoas vivas, os atores do “Ói Nói Aqui Traveiz” já contribuiu com a história da cultura desta cidade. E aí se sai pela tangente: “o prédio não é velho, então não pode tombar. Não é de interesse cultural”. Como eu não acredito que o técnico da Prefeitura seja burro, só posso concluir que ele é de má-fé. E lamento que o Secretário de Cultura não tenha pego, como qualquer um de nós poderia fazer, a lei e lê-la.

Por sugestão do Ver. Luiz Braz, nós estamos propondo uma Moção de Apoio ao Grupo; está terminando de ser datilografada. Eu gostaria que aqui, situação e oposição, nos somássemos, para que, mais do que os discursos, a vontade política da Casa, aliada à do Prefeito, resolvesse o problema, garantindo os 18 anos da história e as milhares de pessoas que já passaram pela Terreira da Tribo, porque do contrário dá vergonha de a gente pensar em política cultural em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, queremos solicitar que, da mesma forma que o Ver. Lauro Hagemann falou pelo PMDB, que o Ver. Antnio Hohlfeldt falou em nome do PFL também.

 

O SR. PRESIDENTE: Está registrado nos Anais, Vereador. A Verª. Helena Bonumá está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, companheiro Sady, que aqui representa a Terreira. Estou falando, aqui, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Nós, enquanto Bancada, acompanhamos em 1994, também, quando a Terreira veio aqui na Câmara trazer a questão da preservação do seu local, em função de todo o seu trabalho e da sua história. O Ver. Antonio Hohlfeldt e eu estivemos em 1994, na Prefeitura, para falar com o Sr. Prefeito e o Secretário de Cultura Pilla Vares, onde começou a se encaminhar o processo naquela ocasião. Fizemos isso em função do compromisso que nós temos com o trabalho da Terreira. Acho que o Sady colocou muito bem e é de conhecimento de todos os Vereadores o trabalho que a Terreira tem desenvolvido nesses dezoito anos, uma coisa inédita, uma coisa extremamente criativa, uma coisa que tem contribuído com o teatro brasileiro e tem dado uma cara diferente à atividade cultural da nossa Cidade. Então, felizes de nós que temos aqui em Porto Alegre a Terreira da Tribo e, evidentemente que o nosso Governo, um Governo comprometido com a luta cultural e com as manifestações culturais, não poderia deixar de ter compromisso concreto com o caso da Terreira. Bem, o encaminhamento dado, naquela ocasião, foi ao Patrimônio Histórico e aí, Ver. Antônio Hohlfeldt, sinto e lamento a sua intervenção, porque a V. Exa. como um Vereador antigo na Casa sabe que em primeiro lugar o Governo Municipal tem compromisso com a coisa pública e não pode passar por cima das leis ou fazer um processo apressado, atropelado sob pena de estar lesando o povo de Porto Alegre. O que aconteceu é que foi encaminhado ao Patrimônio Histórico e pelos critérios do Patrimônio, não se adequava a tombamento para o Patrimônio Histórico. Então o que está sendo visto agora? O Ver. Luiz Braz também me pareceu que na sua intervenção não sabia dos encaminhamentos que já estão ocorrendo, já foi encaminhado pelo Governo e está sendo feito um estudo na área de preservação do patrimônio cultural, porque a Terreira é patrimônio cultural de Porto Alegre. Já temos um antecedente aqui que é em relação à OSPA. Então o que está sendo feito é um processo que está-se dirigindo para a preservação do patrimônio cultural, que a Terreira da Tribo representa, mantendo aquele ponto dentro desses critérios. Isso não vai ferir a lei, não vai desabrigar a Terreira, mantendo ali o seu local de trabalho, que faz parte de todo esse processo que o Sady colocou aqui, faz parte do tipo de trabalho que a Terreira realiza, com a sua oficina, com a sua experimentação na arte cênica, com o seu teatro. Aquele espaço é adequado para o tipo de trabalho teatral que a Terreira realiza. Nós temos, enquanto governo, enquanto bancada, todo o compromisso do mundo; o nosso coração e a nossa mente estão colocados junto, ao lado da Terreira, para a resolução dessa questão. Sem dúvida, o governo está comprometido com isso. A importância que eu vejo de a Terreira vir aqui a esta Casa, a importância que eu vejo do pronunciamento do Sady, é que a Câmara de Vereadores, também, se junte a isso. A Câmara de Vereadores, ao invés de fazer disputa político-partidária em cima do caso Terreira, que se junte – tem vários Vereadores da área da cultura, das mais diversas culturas, vereadores sensíveis, que apoiam esse tipo de trabalho, que participam das manifestações culturais da nossa cidade – a isso e façamos, de fato, uma grande frente porto-alegrense para manter esse espaço cultural da Terreira da Tribo. Em nome da Bancada do PT, nós estamos à disposição para essa luta. Tenho certeza de que o governo vai se empenhar em resolver essa questão o mais rápido possível. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa acusa o recebimento da Moção de Apoio, com o seguinte teor: (Lê.)

 

“MOÇÃO DE APOIO

 

Os Vereadores abaixo assinados, diante da inequívoca importância do grupo teatral “Ói Nóis Aqui Traveiz” - e com a significação histórica de 18 anos de atividades, apresenta moção de apoio ao conjunto teatral, no sentido de que o Executivo Municipal encontre meios legais que, respeitado os interesses dos proprietários, garanta a memória cultural da cidade e o pleno acesso da população ao teatro, com a permanência do grupo no local que hoje ocupa.

 

Sala do Plenário, 24 de abril de 1996.

 

(a) Vereadores de todas as Bancadas com assento nesta Casa.”

 

Queremos informar, que, seguindo o Regimento, a Moção de Apoio irá para o Protocolo. Posteriormente, voltará para uma votação simbólica, pois somos obrigados a votar. Mas, pode ter certeza, Sr. Presidente, que a sua entidade está recebendo esta Moção, já aprovada de antemão, antes mesmo dos trâmites legais do Regimento, porque está assinada por todas as Bancadas da Casa – algo inédito nesta Casa, pelos menos no período de 1989 para cá. A Terreira merece todo o carinho desta Casa. V. Sa., Sr. Presidente, e os demais componentes da entidade estão vendo que esta Casa está interessada, unanimemente, na solução dos problemas de sua entidade.  Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h45min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h55min.): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Para um Requerimento. Assistimos a uma verdadeira demonstração de solidariedade com a Associação dos Amigos da Terreira da Tribo, “Ói Nóis Aqui Traveiz”. Há uma preocupação, há uma agitação muito grande na Câmara Municipal entre os servidores. E confesso que não consigo entender as razões, porque apenas ouvi na segunda-feira, no término da Sessão, o enunciado de um Projeto de Resolução da Mesa, e este projeto foi retirado.

Gostaria que houvesse, por parte da Presidência, da Mesa, esclarecimentos para que a GIT não agite mais do que está acontecendo, e não deixasse Vereadores que procuram ser informados totalmente desinformados.

 

O SR. PRESIDENTE: Para não haver agitação, na hora oportuna a Mesa colocará ao Plenário as razões.

Passamos  à

 

PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 0797/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 037/96, de autoria do Ver. Giovani Gregol, que inclui o “Baile da Redenção” no calendário oficial da semana de Porto Alegre, e dá outras providências.

 

PROC. 0909/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 044/96, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, que denomina Rua Felipe Correa da Silva um logradouro irregular localizado na transversal da Av. Eduardo Prado, à altura dos números 2240 e 2250.

 

PROC. 0928/96  - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 047/96, de autoria do Ver. Raul Carrion, que obriga os centros comerciais de Porto Alegre, não-classificados como “Shopping Centers”, a colocarem à disposição dos clientes um médico clínico-geral para a prestação de primeiros socorros.

 

PROC. 0930/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 048/96, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Luís Felipe Tavares da Silva.

 

PROC. 0936/96 – PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 002/96, de autoria do Ver. Raul Carrion, que altera o “caput” e o § 1º do art. 98 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (iniciativa popular no Processo Legislativo)

 

PROC. 0960/96 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 006/96, de autoria do Ver. Giovani Gregol, que acrescenta artigo à Lei Complementar nº 234, de 10 de outubro de 1990, que institui, em Porto Alegre, o Código Municipal de Limpeza Urbana, e dá as providências. (proíbe a incineração de resíduos de qualquer origem)

 

PROC. 0988/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 052/96, de autoria do Ver. Edi Morelli, que denomina Rua Elyseu João Fontana um logradouro irregular localizado no Bairro Passo das Pedras.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0612/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 023/96, de autoria do Ver. Milton Zuanazzi, que regula a cobrança de multa moratória por atraso no pagamento dos tributos, serviços e fornecimentos prestados pelo município, e dá outras providências.

 

PROC. 0870/96 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 005/96, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, que modifica o art. 12 da Lei Complementar nº 170, de 31 de dezembro de 1987, suprindo o parágrafo único e acrescentando dois parágrafos, para definir as construções que devem ter ramal predial individualizado por economia.

 

PROC. 0871/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 042/96, de autoria do Ver. Henrique Fontana, que denomina Rua Júlio Stregue um logradouro irregular localizado na Vila Esperança, Bairro Sarandi.

 

PROC. 0896/96 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 016/96, que cria função regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, pertencente ao Quadro Celetista em Extinção no Departamento Municipal de Água e Esgotos, e dá outras providências. (Motorista.)

 

PROC. 0904/96 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 003/96, que altera os limites da AF de Interesse Público 37 e ajusta os limites do Corredor de Comércio e Serviços 51 e do Pólo de Comércio e Serviços 75 da UTR 45 da UTSI 35.

 

PROC. 0957/96 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 017/96, que cria cargos na Administração Centralizada do Município, e dá outras providências. (Auxiliar de Enfermagem.)

 

PROC. 0958/96 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 018/96, que altera a especificação da classe de cargos de Agente de Fiscalização, constante no Anexo I letra “b” da Lei nº 6309, de 28 de dezembro de 1988.

 

PROC. 0959/96 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 019/96, que cria cargos de provimento efetivo na Administração Centralizada do Município, e dá outras providências. (Fonoaudiólogo.)

 

PROC. 0937/96 – PRJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 049/96, de autoria do Ver. João Dib, que obriga os locais de venda de combustíveis a afixar seus preços em cartazes, e dá outras providências.

 

PROC. 0603/96 – PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 001/96, de autoria do Ver. José Valdir, que altera o § 2º do art. 50 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (participação popular nas etapas que envolvem o orçamento da CMPA)

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Sr. Presidente, tendo em vista que hoje completam 32 dias desde que apresentei um Requerimento e que já foi votado quatro vezes e aprovado, porém faltou quórum e na última vez foi aprovado por 15 a 0, requeiro que, ao entrarmos na Ordem do Dia, façamos primeiro a votação dos requerimentos, para ver se dessa vez serei mais feliz e que se tenha quórum para ser votado.

 

O SR. PRESIDENTE: O Requerimento de V. Exa. deverá ser apresentado na hora em que entrarmos na Ordem do Dia, para a inversão.

 

O SR. PAULO BRUM (Requerimento): Sr. Presidente, eu gostaria que este Vereador fosse informado, e também o Plenário, a respeito de onde estão os cargos do Ver. Geraldo de Matos Filho. Os três cargos que tinha pelo acordo, porque tiraram-me um cargo para ser repassado ao Ver. Raul Carrion. Então eu gostaria de saber onde estão os cargos, quais os Vereadores que estão com os cargos do acordo com o Ver. Mazzaropi.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa entendeu o  questionamento e responderá a V. Exa. oportunamente.

 

O SR. RAUL CARRION (Questão de Ordem): A questão que eu quero levantar é a seguinte: Apesar desta Casa já ter definido o direito da Bancada do Partido Comunista do Brasil, creio há uns dez dias, deixei de ser convocado para as reuniões das Comissões Temporárias a que esta Bancada faz jus. Mais grave que isso: como eu solicitei ao Setor das Comissões que fosse avisado e comunicado de todas as reuniões de Comissões que se realizem nesta Casa, pois tenho direito como mero Vereador de participar delas, com direito a palavra, não fui comunicado da reunião realizada no dia de ontem, da Comissão para discutir o Orçamento Participativo. Fui ao Setor de Comissões informar-me por que não havia sido avisado da reunião de discussão do Orçamento Participativo, fui avisado da Reunião da Riocell e da Comissão de Desemprego. Foi-me comunicado, primeiro pelo funcionário e depois pela secretária da Comissão, que o Ilustre Ver. Nereu D’ Ávila, Presidente dessa comissão, havia lhe dado a orientação de não me comunicar a realização dessas reuniões. Nesse sentido foi coibido o direito de um Vereador tomar conhecimento das reuniões nesta Casa.

Eu quero um esclarecimento oficial da Casa sobre essa transgressão ao Regimento.

 

O SR. PRESIDENTE: No momento oportuno a Mesa responderá a V. Exa.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Sr. Presidente, V. Exa., ao enumerar os vários assuntos que constam na Pauta e na Discussão Preliminar, consumiu algum tempo, dado o grande número de projetos das mais variadas origens que se encontram em Discussão Preliminar. Dois deles, entre essa quantidade enorme de projetos, dois deles, merecem a minha atenção e justificam a minha vinda à Tribuna, sem nenhum demérito dos demais. O Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 3 certamente haverá de provocar as minhas reflexões nesta Casa. Sr. Presidente, como retorna hoje à tramitação o Projeto de Lei Ordinária nº 01, que altera o parágrafo 2º, do art. 50, da Lei Orgânica Municipal, de autoria do Ver. José Valdir, tem, necessariamente, que merecer a minha atenção prioritária neste momento. Ocorre que, como todos sabem, quando o Projeto se encontrava em idêntica posição eu vim à tribuna para discuti-lo e apontei, naquela oportunidade, para a circunstância de que o mesmo não satisfazia pré-requisitos indispensáveis do Regimento da Casa, como bem reconheceu a Mesa na oportunidade. Tanto que, devolvendo o Projeto de Lei ao Ver. José Valdir, em 08 de abril do corrente ano ele providenciou no apoiamento dos Vereadores, que firmaram o documento de fl. 05, à iniciativa, o que viria, naturalmente, suprir aquelas exigências previstas no Regimento da Casa.

Se dou prioridade ao Projeto de Lei do Ver. José Valdir é porque, em função de uma Questão de Ordem nossa, que, ao meu entender, não foi dirimida pela Mesa, este Projeto teve paralisada a sua tramitação enquanto aguardavam a deliberação da Comissão d Constituição e Justiça. Como havia afirmações de que se buscava a protelação da discussão desse assunto, eu desisti daquela Questão de Ordem, ainda que ela tenha sido reiterada pelo Ver. Nereu D’ Ávila.

A circunstância de que a reiteração foi recebido sem efeito suspensivo, nos permite o debate objetivo sobre o Projeto de Lei. Eu quero que esse Projeto seja decidido, debatido exaustivamente o mais rápido possível, porque acho que é uma oportunidade ímpar desta Casa Legislativa reafirmar o seu compromisso orgânico de se impugnar e se comprometer de forma concreta com a nossa representatividade enquanto legítimos integrantes desse sodalício como decorrência do sufrágio universal. Esse Projeto, Sr. Presidente, confessadamente pelo autor,  quer transferir a Lei Orgânica conceitos que hoje ensejam essa panacéia do Orçamento Participativo na órbita do Município, na órbita do Executivo, Orçamento Participativo esse que, objeto de análise mais profunda – que a constituição de uma Comissão Especial tem propiciado, já fica claro, não é nenhum exemplo a propiciar tamanha ênfase à medida em que já está claro que esse Orçamento Participativo não é nada mais do que um órgão tutelado, vinculado, subordinado ao Governo Municipal e, mais do que isso, um exemplo que não pode se transformar, para o Legislativo

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o tempo do Vereador já ultrapassou quase um minuto e o tempo não está sendo marcado.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Obviamente, Sr. Presidente, que sendo um agente da tutelação da comunidade pelo Executivo, esse exemplo não pode ser transportado para o Legislativo, salvo se há Vereador aqui que não quer a sua prerrogativa garantida. Por isso, Sr. Presidente, eu quero discutir essa matéria. É mais um momento que eu vou ter para demonstrar que essa panacéia tem que terminar...

 

O SR. PRESIDENTE: Se V. Exa. não encerrar, cortaremos o microfone.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: ...no interesse da comunidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos ao Ver. João Dib, que fez a troca conosco, porque, após o pronunciamento na tribuna, vamos retirar-nos da Sessão, pois um funcionário do nosso gabinete, ao desmaiar na direção do automóvel que dirigia, acabou atropelando uma criança. Precisamos dar apoio não só ao funcionário como à criança que foi atropelada.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Com a palavra o Ver. Edi Morelli, para discutir a Pauta.

 

O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há um processo de nº 928/96, do Ver. Raul Carrion, que obriga os centros comerciais de Porto Alegre não classificados como “Shoppings Centers” a colocarem à disposição dos clientes um médico clínico-geral para prestar os primeiros socorros. É uma pena que o Ver. Raul Carrion não esteja presente no Plenário para informar a ele e a sua assessoria que a Lei nº 7135, de 28.08.92, que obriga os “shoppings centers” a colocarem um ambulatório para atendimento de primeiros socorros, é uma lei municipal, e não estadual, conforme está no processo. O segundo erro é que na Exposição de Motivos diz: “Os chamados “shoppings centers” com complexo de lojas de 50 ou mais lojas foram excluídos do presente projeto de lei, em face da existência de lei estadual que obriga a colocação não apenas de um médico clínico, mas de um ambulatório médico em seu interior, tendo em vista as diversificações existentes, como lojas de comércio, praças de alimentação, bancos, jogos, diversões infantis, etc., e a quantidade de pessoas que ali vai.” Infelizmente, o Ver. Raul Carrion não está presente, mas a sua assessoria deve estar ouvindo em seu gabinete primeiro erro: Lei Estadual nº 7135, de 28.02.92, de autoria deste Vereador. Segundo lugar: o entendimento de “shopping center” é o de que todo o centro comercial que tenha acima de vinte lojas é um shopping center; não tem este nome, mas não deixa de ser um shopping center. Como o próprio Centro Comercial João Pessoa, que está sendo chamado de Shopping João Pessoa, não é mais um centro comercial. Aí, há o parecer da Diretoria Legislativa, que diz: “Vem à Procuradoria, para parecer prévio, o Projeto de Lei do Legislativo que obriga os centros comerciais de Porto Alegre, não classificados como shoppings centers a colocar à disposição...”, e segue dizendo:...” não há impedimento de ordem jurídica à tramitação da matéria”. A Auditoria deveria comunicar ao Vereador que existe uma lei municipal que passou despercebida pela própria Auditoria da Casa, na Exposição de Motivos, quando coloca que é uma lei estadual. Por esse motivo, manifesto-me contra, antecipadamente, a esse Projeto de Lei do Ver. Raul Carrion. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra, para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na Pauta do dia de hoje temos o Projeto de autoria do nobre Ver. Giovani Gregol, que inclui o baile da Redenção no calendário oficial da Semana de Porto Alegre e dá outras providências. No dia 05.11.1940, o Prefeito de Porto Alegre José Loureiro da Silva comemorava os duzentos anos da colonização de Porto Alegre por seu ascendente Jerônimo de Ornellas. A comemoração foi feita com grandes festejos na Cidade de Porto Alegre. Durante muitos anos a Semana de Porto Alegre se realizou sempre de 5 a 12 de novembro. Ao longo desses anos muitas coisas ocorreram. Em 72, num grande debate acontecido entre os historiadores, aqui, na Câmara Municipal, a partir de uma proposição do nobre Ver. Afonso José do Ribeiro, a data da fundação de Porto Alegre foi fixada, e este ano comemoramos os 224 anos da Cidade. Nas comemorações havidas, desde Loureiro da Silva até Guilherme Socias Villela, porque, depois, mudou a Semana de Porto Alegre, antecipou para o mês de março, a comemoração da Semana de Porto Alegre se fazia com obras, com grandes obras. Por exemplo, em 72, aquele complexo magnífico da Elevada da Conceição, túneis, era inaugurado à época com um orçamento de 32 milhões de cruzeiros, era quase o orçamento da Prefeitura. Essa era uma maneira de comemorar a Semana de Porto Alegre. Outra, foi quando o Prefeito Telmo Tomphson Flores inaugurou o Parque Moinhos de Vento; mas o Prefeito Villela inaugurou o Parque Marinha do Brasil; aí, as obras foram acontecendo.

Tenho analisado Porto Alegre 21 anos e, com a administração que está aí, só pode fazer baile. Mas ela está dando um baile em todo o mundo! Inclusive nos servidores da Câmara Municipal. Está agitando os servidores, porque a GIT já estava anunciada e o Presidente, conforme requerimento por mim feito, dará um a explicação do que ocorreu -, mas eles só agitam com publicidade e com baile. Mas porque o baile na Redenção? Por que não na Restinga? Por que não nas grandes obras? Por que não em cima das novas grandes obras? Fazer baile, por quê? Por que não entregar 10 escolas, como se entregou no passado, na Semana de Porto Alegre, em cada uma delas fazer uma festança para a coletividade do entorno? E todo mundo participando, não só alguns! Até faziam o desfile da Milka, belíssimo, extraordinário desfile! Deu um exemplo maravilhoso no ano passado, quando fez na chuva. Só Porto Alegre para fazer uma coisa dessas! Mas foi a Milka quem fez, não foi a Administração! Poderia ter sido na Restinga, como diz o Ver. Gregol. Então, o que precisamos, não é dizer às administrações que nos sucederam que deverão fazer baile no Parque da Redenção para comemorar a Semana de Porto Alegre. Olha, o Prefeito Tarso Genro esteve lá em Washington e traz magnificas informações: há de vir recursos para a II Perimetral, porque não fechar um trecho da III Perimetral e fazer um enorme carnaval numa Semana de Porto Alegre por obras que foram entregues? Não esses asfaltos que são entregues nas ruas de menor dimensão, nas ruas de menor expressão, porque, como eu disse, o sistema viário e o sistema circulatório humano são iguais, não se pode só cuidar dos vasos periféricos, tem que se cuidar das veias e das artérias, ou seja, das perimetrais.

Então, Ver. Gregol, vamos fazer a Semana de Porto Alegre inauguramos obras: 10 praças, 10 escolas. Mas não fazendo bailes na Redenção para alguns e não para todos, uma perimetral é uma obra para todos, um viaduto é uma obra para todos, mesmo para aqueles que não passam por sobre o viaduto. E por falar em viaduto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faz tempo que eu reclamo: estacionamento mais caro do mundo é feito no Viaduto José Loureiro da Silva. Esta administração e a que antecedeu não tem a coragem de tirar de lá os veículos que lá estacionam. E se eu digo que não tem a coragem é porque eu, um dia, modesto Secretário de Transportes, decidi que nenhum veículo mais estacionaria sobre o Viaduto e enquanto estive na Secretaria eu impedi.

Portanto, vamos fazer a Semana de Porto Alegre, agora já fixada, o ano que vem vamos fazer 225 anos, vamos fazer a inauguração de obras que represente para o povo de Porto Alegre o descanso a alegria, a segurança e não baile para alguns. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra, para discutir a Pauta

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Clóvis Brum, quando era Vereador desta Casa, tinha uma expressão: nada como um dia após o outro. Pois, hoje, tive a grata satisfação de ver o Ver. Reginaldo Pujol sendo transparente. O Vereador confessou, pela primeira vez, que quer acabar com o Orçamento Participativo nesta Cidade. Disse isso: o que chamou de panacéia. É um discurso que os liberais costumam ter; é um discurso com toda uma roupagem modernizante. Só que o Ver. Pujol leu o “Mostesquieu”, o Espírito das Leis, e parou. Parece que não existiu mais nada em matéria de ciência política e de movimento social. O Ver. Pujol leu a obra o Espírito das Leis que estabelece que a democracia se expressa, única e exclusividade, através da harmonia dos famosos três poderes, e ponto final. Nada mais se produziu depois daquela teoria. É a teoria do final do século, quando sabemos que essa concepção de democracia liberal correspondeu historicamente ao momento em que a nascente burguesia européia, que tinha o poder econômico, mas que era excluída do poder político pela nobreza feudal, tinha algo novo a propor à sociedade. O que era esse novo? Era, exatamente, esse Projeto, quando essa burguesia pretendeu, quando era excluída, representar ao conjunto do povo, pretendeu representar os artesãos, os trabalhadores rurais. Ela conquistou o poder na revolução francesa, instituindo essa chamada democracia liberal burguesa. De lá para cá os movimentos sociais dos trabalhadores, no século passado e neste, encarregaram-se de, se não substituir totalmente, acrescentar muitos outros elementos nessa democracia. Nessa concepção o povo apenas se manifesta de quatro em quatro anos, elegendo parlamentares, os dirigentes, ficando na expectativa como um cidadão passivo. E o que de lá para cá se acrescentou foi uma série de formas de participação direta, como os conselhos, como no nosso caso, aqui, no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, eleição para Diretores de Escolas, Conselho Escolar, que são formas de participação direta no dia-a-dia, fazendo com que este conceito de democracia da burguesia seja um conceito ampliado. E dentro deste conceito está o Orçamento Participativo. Então, o Vereador até passa a ser coerente, a partir deste momento, quando diz: eu quero acabar com o Orçamento Participativo lá e não quero ninguém, na Câmara de Vereadores, fiscalizando o Legislativo. E eu vou dizer o seguinte: se nós tivéssemos a participação popular nos legislativos, uma série de lamentáveis episódios, no Parlamento, como foi, por exemplo, a questão dos “Anões”, não teria acontecido. E, talvez, a imagem do Parlamento, hoje, fosse uma imagem completamente diferente, uma imagem muito superior à imagem desgastada, a imagem desmoralizada, que é o Parlamento perante à sociedade. Então, o que nós estamos propondo, aqui, é extremamente moderno, que inclusive incorpora a evolução, incorpora as novas questões que a luta dos trabalhadores,  nível mundial, tem colocado, Incorpora, também, no campo da teoria política. Nós não ficamos parados apenas na teorização feita por Montesquieu, no Século XVIII, que o Ver. Reginaldo Pujol vem, aqui, apresentar como sendo a grande modernidade em matéria de teoria da democracia. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está encerrada a discussão da Pauta. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, para uma comunicação de Liderança.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho que nunca dei ensejo para que tivessem dúvidas quanto a minha posição acerca desta farsa do Orçamento Participativo. Se alguém tem dúvida, eu quero que conste nos anais, com letras garrafais, se for possível: Eu quero acabar com essa farsa: Se tiver dentro de minhas forças vai acabar essa farsa, esse engodo, esse ato de ludibriar a opinião pública através desse bombardeio de gasto com publicidade oficial, porque gastam mais com publicidade oficial do que gastam com a Vila Restinga. Isso eu quero acabar, sim senhor! Antes de chegar aqui na Câmara eu já havia dito que não me conformava com essa mentira. Se há alguma necessidade de ser transparente, fui absolutamente claro. Não tenha dúvida. Se depender do Ver. Reginaldo Pujol esse engodo vai terminar, e não vai ser transportado aqui para a Câmara Municipal, porque eu não tenho a vocação de “haraquiri”, não tenho a vocação de “bonzo”. Eu sei dessa aparelhagem que se fez do Orçamento Participativo, confessamente subordinado ao gabinete do Prefeito, confessamente tutelado pela Administração Municipal, confessamente aparelhado pelo PT.

Quero que todos saibam que, com isso, o Ver. Reginaldo Pujol, do PFL, que é acusado de ser liberal, como se isso fosse acusação, sou, graças a Deus e às minhas convicções. Sou Social liberal. Não sou neo, porque não sou novo. Sou liberal há muito tempo. Porto Alegre e o Rio Grande conhecem as minhas posições, que nunca delas me afastei, nem vou me afastar, enquanto não for por um esclarecimento adequado levado para outra posição, o que não é o caso presente. Recebi do ilustre professor José Valdir uma grande aula de história, em que lembra até de Mostequieu, esquecendo-se de dizer que essa utopia da democracia direta só foi conhecida na história da humanidade na Grécia, onde os cidadãos que deliberavam tinham mais de 90% da população como escrava a cumprir suas deliberações.

Acho, até, que é nessa linha que se insere o aparelho do Orçamento Participativo. Querem que a minoria aparelhada, vinculada ao PT, assuma atividade que foram delegadas pelo sufrágio universal para aqueles que aqui representam a comunidade de Porto Alegre. Se alguém se acha desconfortado nessa posição não sou eu. Eu estou confortavelmente na posição de representante do pensamento político que eu adoto, por ele pugno, defendo esta prerrogativa em toda a sua plenitude e não posso, com os conhecimentos que tenho, deixar de reconhecer que essas experiências que vêm sob o rótulo de democracia popular, de democracia participativa foi usada por inúmeras ditaduras em pleno séc. XX para garrotear os legislativos, para fechar os Parlamentos e disso o Adolf Hitler nos deu exemplo, o Mussoline nos ofereceu alternativas, o Stalin praticou com os seus “soviets” de forma muito categórica e para isso eu nunca bati palmas e não vai ser agora aos 57 anos de idade que vou bater palmas. Aqueles que brigavam, que pugnavam contra o fechamento do Congresso Nacional no tempo do período de excepcionalidade que o governo militar nos fez viver, hoje, vêm aqui fazer discurso no sentido de justificar esse garroteamento que querem fazer à atuação do Parlamento, citando o exemplo dos anões, como se isto fosse aplicado ao exemplo do Parlamento de Porto Alegre, cuja tradição impõe, Ver. José Valdir, outro tipo de respeito e não permite esse grau de comparação. Esta Casa do Adel Carvalho, do Aloísio Filho, do Pessoa de Brum, de tantos valores que Porto Alegre conheceu a respeito, não pode ser comparada com a prática dos anões porque aqui se tem tradição de fazer com brilho, com entusiasmo, com coerência, com competência, com respeito às prerrogativas legislativas e eu estou inserido nesta luta, quero acabar com a farsa do orçamento participativo e quero esta Câmara agindo na plenitude das suas competências constitucionais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, antes que haja o ingresso na Ordem do Dia, eu reiteraria o requerimento que fiz e agora até com mais veemência, para que a Mesa explicasse o problema ocorrido com o Projeto de Resolução que atribuía aos servidores da Câmara a GIT, porque mais informações me chegam e eu estou abismado e eu vejo intranqüilidade e agitação entre todos. Portanto, peço a V. Exa. que nos explique a situação.

 

O SR. PRESIDENTE: Com o maior prazer esta Presidência terá o maior interesse, de forma mais transparente possível, em prestar todas as informações ao Ver. João Dib como aos 32 Vereadores, como a todos os funcionários da Casa e à sociedade também. Evidentemente que, no momento oportuno, do ponto de vista processual-legislativo, esta Presidência dará as informações necessárias, mas, de antemão, informa que, quando assumiu esta Presidência, se portou e teve um comportamento de viabilizar do ponto de vista da legalidade jurídica um projeto sério e responsável de concessão da gratificação e foi o que conduziu para não cometer ilegalidade que, infelizmente, do ponto de vista jurídico estava sendo conduzido nesse sentido, o que levaria a processos de responsabilidade dos condutores da coisa pública do Poder Legislativo e durante todo esse tempo temos trabalhado com afinco e com responsabilidade no sentido de viabilizar esta gratificação. No entanto, informamos que, depois deste Presidente e da Mesa Diretora terem firmado o Projeto de Resolução e o mesmo ter sido apregoado nesta Mesa, se reteve a tramitação em relação à Discussão Preliminar da Pauta, para resolver alguns problemas técnicos com relação a esse processo, daremos a V. Exa. tantas informações quantas forem necessárias, reconhecendo as dificuldades pelas quais passa a nação brasileira, especialmente em relação à matéria de salários e vencimentos, tanto na atividade privada e notadamente com a política de arrocho salarial praticada em nível federal e cujas repercussões são fortes no âmbito estadual e municipal. Estamos à disposição de qualquer Vereador, dos funcionários desta Casa e da sociedade, para prestar quaisquer esclarecimentos em relação a essa matéria de forma transparente, linear e responsável.

 

O SR. JOÃO DIB: Sou grato à explicações formuladas por V. Exa. mas eu quero a tranqüilidade e esta se dará no momento em que as dúvidas forem esclarecidas e as insinuações, especialmente, forem esclarecidas. Porque o mais grave, mais do que as dúvidas dos servidores, são as insinuações que estão acontecendo. Portanto, o meu requerimento reiterado se fez apenas na busca da tranqüilidade e não da agitação.

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, numa manhã fria de inverno, no primeiro domingo do mês de julho de 1997, e aí olho para o Ver. Dilamar Machado, naquele dia um de seus sonhos estava sendo realizado. Oito horas da manhã o Prefeito Guilherme Socias Villela e seu Secretário Municipal dos Transportes, João Antônio Dib, estavam na esquina da Av. Borges de Medeiros com a Av. Salgado Filho, e sem ônibus na Salgado Filho, Ver. Dilamar Machado, sem terminal de ônibus na Salgado Filho. Estavam naquela esquina fazendo a mais ousada alteração de trânsito no Centro da Cidade. Tão ousada que foi escolhido um domingo, e a imprensa, prevendo o maior congestionamento da história da Cidade, na segunda-feira pela manhã usava helicópteros. E foi uma tristeza gastarem dinheiro com os helicópteros, porque o congestionamento não aconteceu. Naquele tempo, a Secretaria dos Transportes tinha uma equipe de técnicos respeitada no Brasil inteiro e o Ministério dos Transportes não cansava de afirmar que era a mais competente de todo o Brasil, para o trânsito e para o transporte. O que vemos na Porto Alegre dos últimos dias dos 21 anos é uma pequena alteração na rodoviária. Para nós, se pensava e se sabia como resolver. Aqui estão as maquetes das obras programadas para que solucionasse o problema de congestionamento. A Brigada Militar, antes da alteração, disse que seria a alteração da confusão, a instalação da confusão na área. Eles alteraram. E a cada dia se anuncia uma mini-alteração na área da rodoviária, porque não funciona. E não funciona mesmo. E a cada dia fazem alterações, como fizeram na Nilo Peçanha, avenida larga, projetada para escoamento de tráfego. Desviaram para dentro da área puramente residencial, que é Três Figueiras. Não há um edifício nas Três Figueiras: são todas residências unifamiliares, pavimentos que não têm as mínimas condições.

Os técnicos da SMT, comandados por alguém que pertenceu àquela equipe extraordinária, estão cometendo as maiores barbaridades. Agora, talvez, assessorados pelos técnicos da África do Sul. A África do Sul vai jogar futebol, amanhã, com a seleção brasileira. Pode até entender de futebol, mas de trânsito em Porto Alegre entendem os que sofrem as vicissitudes do dia-a-dia nas nossas ruas. A administração que está na Prefeitura não fez uma obra capaz de minimizar os problemas, mas criou problemas para todos, sem exceção. Onde implanta suas obras é só ver: na Corte Real com Felipe de Oliveira, com Lucas de Oliveira. É só olhar essa barbaridade, esse crime de trânsito que se comete contra uma população que não tem nas suas ruas infra-estruturas capaz de receber um tráfego pesado. E não pesado no sentido de caminhões pesados, de veículos pesados, mas um tráfego denso. Não tem condições de receber e está recebendo. Esta Administração que aí está, que faz muita propaganda e, por isso, parece até que é boa, mas é só comparar esses sete anos, três meses e vinte e quatro dias de PT na Prefeitura para ver que nem os funcionários foram poupados, pois são permanentemente sacrificados em detrimento de uma propaganda que eles fazem, tentando mostrar a Cidade como crescendo e a Cidade está crescendo para trás, está retroagindo como também retroagem os servidores municipais e aí estão incluídos os servidores da Câmara. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB. Com a palavra o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, alguns acontecimentos nacionais foram e estão sendo bastante debatidos e eu, como contador que sou, bacharel em Contábeis, tenho acompanhado um fato que me causa, no mínimo, extraordinária preocupação e estranheza. Há bem pouco tempo o Sr. Bill Gates esteve no País, o dono da Microsoft, e foi decantado em prosa e verso, porque deu alguns direitinhos, algumas coisas para a Dona Ruth Cardoso, a senhora primeira-dama deste País. Deu um direito autoral de uma obra que foi bastante divulgada. Causa-me estranheza, agora que começa a ser elaborado o imposto de renda das pessoas físicas e jurídicas, deste País, milhões e milhões de contribuintes, para se preencherem as declarações, através do processo eletrônico.

Não poderia ser diferente, precisamos de um programa de computador. Agora, para a minha surpresa e repúdio, precisa-se de um sistema da Microsoft, do Sr. Bill Gates. Então, o País inteiro, que ganhou alguns trocados para os processos sociais da primeira-dama, tem que comprar milhões e milhões de programa de computador lá dos Estados Unidos para pequeno e simples procedimentos que, em três ou quatro horas de trabalho, eu, com os meus pequenos conhecimentos, teria condições de fazer. Em nome da esmagadora maioria dos profissionais da área, que atuam no preenchimento da declaração do Imposto de Renda para o contribuinte nacional, cabe uma reflexão. Por que é indispensável e necessário esse sistema “Windows” para preenchermos a declaração do Imposto de Renda?

Eu particularmente conheço uma série de contadores que estão preenchendo a sua declaração, que não vão poder preencher porque, se cobrarem 50 Reais, vão gastar 200 ou 300 Reais para comprar um “soft” americano, dando Reais para o Sr. Bill Gates. Fica aqui o meu repúdio.

Com relação à declaração do Ver. João Dib quanto ao trânsito de Porto Alegre, é uma realidade visível a olho nu; é um caos total: obra nenhuma e alguns equívocos. Eu quase diariamente tenho recebido pedido de moradores, dessas ruas onde houve alteração, no sentido de se repensar o que foi feito, porque não está resolvendo o problema; pelo contrário, está piorando a situação dos moradores de Porto Alegre. Merece uma análise especial.

Porto Alegre, fique tranqüila, que, a partir de janeiro de 97, estará assumindo, no Paço Municipal, o novo Prefeito. E tenho certeza de que será do PMDB. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): Havendo quorum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Apregoaremos a Emenda nº 16, de autoria do Ver. João Verle, ao PR nº 10/94, que institui o Código de Ética Parlamentar.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que se faça a inversão dos trabalhos, nesta Ordem do Dia de modo a permitir a votação ao meu Requerimento que solicita a vinda da Presidente da Comissão Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, que já foi votado por quatro vezes e todas as vezes foi vencedor, na última, por quatorze a zero.

Só não teve efeito porque faltou quorum. O Requerimento é só no sentido de que votemos agora, porque já vai para a quinta votação.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Concordando, em parte, com o que foi solicitado pelo Ver. José Valdir, acho que o requerimento de sua autoria deve ser votado com a maior brevidade possível. Mas a nossa proposta é um pouco mais ampla: que todos os requerimentos sejam votados antes da Ordem do Dia. Há requerimentos aguardando a votação há muitos dias. Hoje a Ordem do Dia é pequena, o que permite que se esgote a análise desses requerimentos. Eu gostaria que o Ver. José Valdir me permitisse esse adiamento, que ele encampasse esse aditamento, assim nós estaríamos concordes sobre o assunto.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos colocar em votação o Requerimento do Ver. José Valdir, que aceitou o aditamento do Ver. Reginaldo Pujol.

Na Ordem do Dia, primeiro, votaremos os requerimentos, depois os projetos.

 

Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

Sobre a mesa o Requerimento nº 64/96, de autoria do Ver. José Valdir, solicitando seja convidada a Sra. Nelcinda Aguirre, Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, para exposição sobre o atendimento prestado às crianças.

Já houve encaminhamentos pelos Vereadores: Reginaldo Pujol, Jocelin Azambuja, José Valdir, Nereu D’ Ávila e Maria do Rosário. Em votação o Requerimento. (Pausa.)

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Pelo que eu ouvi o Ver. José  Valdir falar, isso não foi votado por falta de quorum. Os encaminhamentos, também, não caem por falta de quorum? Tem que se repetir todo o processo?

 

O SR. PRESIDENTE: Respondo ao Ver. Artur Zanella, dizemos que já há um Parecer da Comissão de Constituição e Justiça da Casa que afirma o seguinte: quando a Sessão encerra por falta de quorum, são válidos os encaminhamentos que já foram feitos. É o que nos informa a assessoria.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Gostaria de receber uma cópia, Sr. Presidente, porque a votação é una.

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos solicitar uma cópia para o Ver. Artur Zanella. Estamos no encaminhamento.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Estou satisfeito, Sr. Presidente, com a explicação de V. Exa.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, conheço esse Parecer da Comissão de Justiça; fui voto discordante. Entendo, não obstante, Sr. Presidente, que o caso refletido por aquele Parecer não é igual ao presente. Aquele Parecer tratava de uma situação em que se queria que, antes da votação, fosse reconhecida a inexistência de quorum. Neste caso concreto não se trata de reconhecimento anterior e sim de uma votação que se anulou na medida em que não se completou o quorum. Nessas condições, todo o processo retoma. Deixo isso colocado para que a Mesa delibere a respeito no sentido de não tumultuar a votação do Requerimento do Ver. José Valdir.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa agradece e delibera que vamos continuar o processo.

Em votação o Requerimento do Ver. José Valdir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o requerimento de convite à Presidente do Conselho da Criança e do Adolescente tem data marcada, tem horário definido?

 

O SR. PRESIDENTE: Isso já foi esclarecido na outra Sessão, Ver. Reginaldo Pujol. Vai ser passado para a Relações Públicas da Casa que foi aprovado o Requerimento, e a Relações Públicas vai agendar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Será durante uma Sessão normal? Esse esclarecimento é fundamental.

 

O SR. PRESIDENTE: Será numa Sessão normal. A convidada será ouvida em Plenário. Não há Vereadores inscritos, para encaminhar. Em votação nominal, a pedido do Ver. Reginaldo Pujol. (Após a chamada.) APROVADO o Requerimento do Ver José Valdir por 25 votos SIM e 01 voto NÃO, com Declaração de Voto do Ver. Reginaldo Pujol. (Lê.)

 

“DECLARAÇÃO DE VOTO

 

Sou favorável à vinda à  Casa da ilustre representante do Conselho da Criança e do Adolescente, mas não durante a Sessão Regular da Casa, cuja pauta se encontra sobrecarregada.

Fosse o convite para uma Sessão especial ou similar, teria nosso integral apoio.

Por tais motivos, voto contra.

 

Sala das Sessões, 24 de abril de 1996.

 

(a)                                          Ver. Reginaldo Pujol”.

 

(Obs.: Foram lidos e aprovados os Requerimentos de autoria dos Vereadores Décio Schauren nº 61/96 e João Dib, conforme consta na Ata.)

 

 Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. Clóvis Ilgenfritz, solicitando sejam retirados de tramitação o PLL nº 270/91 e o Substitutivo nº 02, ambos referentes ao Orçamento Participativo.

Em votação o Requerimento. (Pausa.) Com a palavra, para encaminhar, o Ver. Antônio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTÔNIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Eu não vou entrar no mérito dos Projetos, porque obviamente o mérito dos projetos vai ser discutido no decorrer de todos os debates que nós temos tido nas Sessões do Orçamento Participativo e, posteriormente, no Plenário. Também não quero entrar no mérito da decisão do Ver. Clóvis, que me parece ser de economia interna do Partido dos Trabalhadores, uma questão de ética política, isso é, uma questão interna do partido. Agora, é evidente que, até pelos anos em que este projeto tramitou na Câmara, essa documentação toda acabou se tornando mais uma documentação pública do que propriamente de autoria de um Vereador. É sobre essa documentação que se constituiu um conjunto de substitutivos.

É sobre essa documentação que se constituiu uma Comissão Especial da Casa, que não vai só analisar isso, mas que, evidentemente, vai também analisar isso. Então, embora o respeito e não poderia ser diferente.

Ver. Clóvis, a decisão pessoal dele que tem que ser respeitada em termos particulares no âmbito interno da sua bancada, parece-me que à Casa não interessa a retirada desses processos e, sobretudo, a retirada do primeiro processo de autora do Ver. Clóvis, porque isso vai ocasionar a retirada de todos os demais projetos que estão a ele agregados. Eu quero dizer que, da minha parte, eu encaminho contrário à autorização dessa retirada e, em todo caso, quero deixar registrado ao Plenário que tenho um texto de teor semelhante preparado para ingressar com ele caso, eventualmente, a retirada seja aprovada. Eu acho que não podemos deixar de fazer esta discussão no Plenário da Casa. Não se trata de questões de simples autoria, nem do Ver. Clóvis, nem do Ver. Nereu, nem minha, nem de ninguém, mas se trata de continuarmos nesta discussão que foi aberta, em determinado momento, e quem sabe lá se o PT não tivesse impedido esta discussão anteriormente, no próprio âmbito da administração e no próprio âmbito do Orçamento Participativo, nós já teríamos ouvido isso com maior tranqüilidade anos atrás. De repente, essa situação de “empurrar com a barriga” acabou gerando um confronto que é prejudicial, e, principalmente, ao Ver. Clóvis pessoalmente, mas que resolvia essa situação, no nosso caso, em termos de Porto Alegre, em termos de Câmara, temos que ter um outro âmbito de avaliação.

Neste outro âmbito de avaliação, entendo que, em hipótese alguma, o documento original que gerou todo este debate pode ser retirado, pode sumir. Sumir não no sentido de desaparecer, porque foi escamoteado, mas no sentido de impedir a continuidade desta discussão. Encaminhamos contrários à retirada e ressalvamos o respeito que temos pelo Ver. Clóvis na iniciativa que ele foi levado a tomar dentro de uma decisão interna do partido ao qual pertence. Como é uma decisão que tem reflexo sobre as demais bancadas, estas foram chamadas a decidir também sobre isso. O Ver. Clóvis fez o que lhe competia, o que lhe ditou a consciência e o respeitamos por isso. Nós vamos ter que fazer aquilo que entendemos que seja necessário e melhor para a Casa e para a Cidade. Nessa perspectiva encaminhamos contrários a essa retirada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’ Ávila está com a palavra, para encaminhar o Requerimento do Ver. Clóvis Ilgenfritz.

 

O SR. NEREU D’ ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta não é uma questão personalizada, esta é uma questão política das mais intrincadas, inclusive o Ver. Clóvis Ilgenfritz tem as suas razões, obviamente. Mas há algumas questões, no permeio desse Processo, que devem ser desconsideradas, porque elas são muito importantes. Uma delas é que, quando das instalações da Comissão Especial, em que há representatividade de todas as bancadas, evidentemente, inclusive, por causa do PT, nós, na primeira reunião, tomamos uma deliberação de que ficassem congeladas todas as propostas existentes na Casa que, naquele momento, eram as propostas do Ver. Clóvis Ilgenfritz, com dois Substitutivos, e dois substitutivos de minha autoria, em cima, da proposta original do Ver. Clóvis. Por que congelados? Porque a Comissão não foi instituída para estudar estas matérias que estavam em tramitação na Casa. Ela tinha uma  transcendência muito maior, evidentemente.

Uma das questões preliminares, e que ainda não está equacionada, é se a legalização, ou a institucionalização ou a modificação do Orçamento Participativo caberia a este órgão legislativo ou seria, tão somente, uma ramificação pertinente ao poder executivo que, junto com a comunidade, estabeleceu um regimento interno e tem um organismo chamado – Conselho do Orçamento Participativo onde tem 46 titulares – 44 com direito a votos e 02 sem votos. Então, em uma das reuniões, o Ver. Lauro Hagemann fez a colação aos autos da Comissão de um documento muito bem elaborado, segundo ele, pela sua Assessoria, aonde ele questiona a possibilidade de institucionalização ou não e inclusive os argumentos que o PT, o Sr. Prefeito Municipal e as Lideranças da Administração Popular têm usado, de estatizar o Orçamento Participativo, segundo os termos que eles usam. O parecer brilhante do Ver. Lauro concluiu que haveria possibilidade, sim, baseado na Lei Orgânica de esta Casa ter a possibilidade de institucionalizar o Orçamento Participativo, mas a discussão não se esgotou ali com a contribuição do Ver. Lauro. A discussão prossegue. Inclusive com a comitiva de testemunhas importantes como representantes da UAMPA e do SIMPA.

Ontem, o 2º Vice-Presidente do SIMPA, o Sr. Ivan, deu uma colaboração importantíssima sob o ponto de vista do nosso conhecimento e dos membros internos do Orçamento Participativo. A discussão prossegue e amanhã nós convocamos a Comissão Partidária, segundo os termos do Regimento do COP, que existe justamente para discutir em nome dos 46 representantes as questões pertinentes ao Conselho do Orçamento. Então, a Comissão prossegue prescrutando não só a questão da legislação ou não, da institucionalização ou não do Orçamento , mas também da possibilidade do Orçamento, pelo seus componentes lá do Executivo, mudar aqueles instrumentos para democratizar mais o Orçamento Participativo como, por exemplo, a participação maior da sociedade civil, hoje, representada apenas por duas instituições: o SIMPA e a UAMPA.

Inclusive, descobri um documento, que anexei aos autos do Processo da Comissão, com a proposta para o Conselho do Orçamento da Participação de nove entidades representativas. Das nove, sete foram escoimadas e ficaram somente duas representando a sociedade civil. Esse é apenas um dos inúmeros ângulos da discussão. Portanto, é premissa fundamental, no nosso entendimento, que ficassem congeladas todas as propostas da Casa, com a permanência das idéias do Ver. Clóvis Ilgenfritz que, constrangidamente pelo seu Partido, pelo perfil autoritário, trotsquista e de centralismo democrático, e ele sabe disso, e é absolutamente correto, foi obrigado a retirar pelo ideologismo exacerbado desse Partido secretário desta Cidade de Porto Alegre.

(Aparte anti-regimental.)

(Tumulto no Plenário.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h11min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 16h13min.): Estão reabertos os trabalhos. Solicitamos aos Vereadores que respeitem os oradores e que não façam apartes anti-regimentais.

Devolvemos a palavra ao Ver. Nereu D’ Ávila, para que ele conclua o seu pronunciamento.

 

O SR. NEREU D’ ÁVILA: Quero pedir desculpas ao Ver. Guilherme Barbosa e ao Ver. José Valdir pelo meu impulso e por ter dito palavras exacerbadas. Para ser respeitado, gosto de respeitar os outros.

Concluo dizendo que tenho a convicção de que o Ver. Clóvis Ilgenfritz fora constrangido a retirar suas idéias. Mas nós gostaríamos que eles permanecessem até o fim das reuniões da Comissão para conhecermos o que elas poderiam trazer de bom. Aliás, foi a decisão da Comissão. Pediria ao nobre Vereador que sustentasse, até o final das reuniões da Comissão, a retirada do seu Projeto para que a Comissão possa ter conclusões objetivas. Sou pela não retirada do Projeto do Ver. Clóvis Ilgenfritz, respeitando a sua vontade pessoal, mas da questão política não abrimos mão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra, para encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Clóvis Ilgenfritz.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Orçamento Participativo vai a Istambul. Está no imaginário democrático do PT. Não tenho posição definida quanto ao Orçamento Participativo, até porque muitas coisas não acontecem lá, como é o caso do salário dos municipários. Duvido que as pessoas que fazem o Orçamento Participativo não se preocupassem com os salários de todos os municipários. Mas, de qualquer forma, respeitando a posição do Vereador, que originou o debate, acho que o processo hoje não é de mais ninguém: é da Câmara, é do povo de Porto Alegre, porque ele já foi debatido, uma comissão está instalada, pessoas foram ouvidas e nós estaríamos prejudicando a Casa, se nós disséssemos que tudo estava zerado. Isso não pode acontecer isso é desprestígio para a Câmara de Porto Alegre. Somos obrigados a ouvir que o Executivo vai levar a Istambul, que a ONU vai aprovar. Se o Orçamento Participativo vai a Istambul e a ONU, por que não com o apoio da Câmara Municipal, que é a quem cabe fiscalizar, dizer se ele realmente é bom? Essa é a idéia, lançada em 1991 pelo Ver. Clóvis Ilgenfritz, tem que prosseguir, porque deixou de ser de um Vereador para ser de toda a Casa, então, não tem sentido a retirada. Não tenho uma posição definida em relação ao Orçamento Participativo, até quero apresentar emendas, só estou aguardando oportunidade, mas se é para ir para Istambul, se é para ir a ONU, é muito bom que ele leve o aval da Câmara Municipal. Ou será que há dúvidas de que a Câmara possa melhorar o Orçamento Participativo? Ou se ele é prioridade de um imaginário – está escrito aqui, é uma palavra nova que o PT criou para se imaginarem coisas, mas está aqui – se há um imaginário, ele pode ser aprimorado pela Câmara Municipal. Porque não vejo razão para colocar dúvida de que nós sejamos capazes de dizer até que ele está certo, mas também somos capazes de melhorar, é por isso que acho que o debate deve prosseguir, a Câmara deve votar, e a Câmara expressar a opinião, em síntese, de um milhão e trezentos mil habitantes que têm em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra, para encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Clóvis Ilgenfritz.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não nos surpreende a posição do Ver. Clóvis Ilgenfritz de, acatando a determinação partidária, vir aqui retirar o seu Projeto, pelo qual durante tantos anos ele lutou, mas viu que, perante o seu Partido, o seu Projeto não tem nenhum significado, era mais um Projeto inconseqüente, e era tão inconseqüente que gerou, para o seu Partido, os conflitos que aí estão. É um Partido autoritário, que não gosta do processo na discussão democrática, extremamente autoritário e que tem demonstrado isso neste Plenário. Não gostam de democracia, de debate de idéias, apesar de discursarem muito nessa linha, só que a prática é exatamente o contrário. Esses episódios todos estão-se evidenciando. Vejam que a própria Bancada aqui na Casa não tem o bom senso de saber o que é um trabalho político. Há pouco o Ver. José Valdir teve contemplado o seu desejo, sem conseqüência nenhuma, mas nós resolvemos não impedi-lo mais de trazer a sua presidente aqui, então, ele deu, ao Ver. Nereu, a resposta de como se posicionam neste Plenário. É assim que são os hortos políticos do Partido dos Trabalhadores e é bom que reflitam bem para depois não ficarem se queixando, dizendo que as pessoas são questionadoras, que estão aí cobrando.

É o dever de todos nós, só que, logicamente, os Vereadores da Bancada do PT não estão acostumados ao processo democrático, mas a decidir tudo autoritariamente, então fazem até esse constrangimento. Imagino que deve ser um constrangimento muito grande para um Vereador ser chamado a atenção pelo partido e ter que vir aqui com requerimento para retirar o Projeto que ele ficou tantos anos defendendo e que agora não tem mais nenhum valor para ele. Então, um Vereador da envergadura do Ver. Clóvis Ilgenfritz passa por essa situação de constrangimento, ele que quis tanto falar em democratização do Orçamento Participativo, e até que ele estava na linha correta, porque a Casa estava entendendo a sua postulação, agora é massacrado pelo seu Partido, que determina que ele retire o Projeto, sendo que quem levantou a discussão foram eles próprios, mas agora esqueceram e não gostam da discussão, então estão aí, procurando agredir os Vereadores que querem o fortalecimento da democracia. O meu nome já estava estampado nas reuniões do Orçamento Participativo como uma pessoa não benquista, aquelas bobagens todas que fazem, não sabem fazer política, usam dessas apelações. Agora fazem a mesma coisa com o Ver. Nereu D’ Ávila, com o Ver. Luiz Braz, com os outros Vereadores que querem discutir. Pois olha, se o Partido dos Trabalhadores queria discutir, agora não interessa mais discutir. Obriga o seu Vereador a retirar o seu Projeto, um Vereador que tem toda uma passagem histórica de trabalho de construção de uma luta positiva, constrange-o a retirar, e não vamos permitir isso. Claro que vamos votar contrariamente, não podemos acompanhar essa posição. Se queriam discutir o Orçamento Participativo, agora está sendo discutido. Vamos botar freio nessas coisas, vamos botar normas, colocar as coisas nos seus devidos lugares, porque se não for assim, esta Casa, mais uma vez, estará perdendo a oportunidade de mostrar que, numa sociedade democrática, o fortalecimento do Poder Legislativo é fundamental para a preservação dessa sociedade democrática.

Por isso, considero que a Comissão está numa linha correta de trabalho, está num caminho positivo, vai dar resultados positivos para a comunidade porto-alegrense, para o nosso povo, que está esperando por isso de nós. Lamento, Ver. Clóvis Ilgenfritz, mas V. Exa. não terá o nosso apoio no seu requerimento, porque tenho certeza de que é apenas um capricho e uma imposição do seu Partido que, mais um vez, demonstra o seu poder forte, autoritário, nas suas decisões, que não consegue conviver dentro de um processo democrático. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra, para encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Clóvis Ilgenfritz.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou encaminhando até porque ouvi as manifestações das diferentes lideranças. Ouvi, do Ver. João Dib, que o Orçamento Participativo estaria sendo discutido e levado a Istambul. Ouvi mais, que o PT se alvoroça, vangloria-se dizendo que é o grande idealizador, o grande aplicador. Na verdade, a inovação é uma criação do PMDB, em nível nacional. E nós, do PMDB, sempre nos manifestamos amplamente favoráveis ao Orçamento Participativo. Como, aliás, o PMDB, quando tem assumido posições administrativas de comendo executivo da União, nos Estados – agora no Rio Grande do Sul – e nos municípios temos, sim, como maior Partido deste País, trazido uma série de inovações importantes na área da administração pública. E dentre uma série de inovações, nós, do PMDB, é que introduzimos, em nível nacional, a participação da comunidade da discussão desse processo.

Eu havia dito ao Ver. Clóvis que votaria com o Ver. Clóvis, meu sempre 1º secretário da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Porto Alegre que tivemos o prazer de presidir no ano passado. Mas, também, a partir do momento que passei a ouvir as Lideranças, gostaria de registrar a seguinte situação: na verdade, a Comissão que está tratando do Orçamento Participativo não é prejudicada pela retirada do Processo, não. Agora, na verdade, eu passei a entender que uma vez existindo a Comissão e os membros da Comissão entendendo que é positiva a existência do Processo para o debate, até para que a história da Câmara Municipal de Porto Alegre registre os passos desse Processo e, a bem da verdade, um passo importante dado pelo Ver. Clóvis Ilgenfritz, eu mudo o meu voto e voto pela permanência do Processo da discussão, até porque eu acredito que isso vai fazer com que a Comissão tenha, sim, aquelas posições apresentadas pelo Ver. Clóvis, posições sérias e responsáveis.

Por outro lado, eu estive, no ano passado, em alguns lugares, entre outros em Recife e em Salvador e lá sempre estiveram presentes representante, Vereadores e uma série de outros parlamentares da Bancada do PT do País inteiro, e uma das bravas lutas dos membros do PT do País inteiro que não detêm o poder, e em especial o PTB de Recife, discutem e querem as definições por lei da proposta do Orçamento Participativo. Daí por que, Ver. Clóvis, mudei o meu voto, e peço a nossa Bancada que vote pela permanência do Processo na Comissão como uma possibilidade a mais que temos de discutir propostas e fazer com que a Câmara dê suas contribuições valiosas  a esse Processo que é importante no contexto.

Também gostaria de registrar, que não estou de acordo com as propostas, com aquelas discussões. Na verdade, foi imposto ao Ver. Clóvis fazer isso, porque eu acredito que o Ver. Clóvis, pela grandeza que sempre teve, pelo convívio que tivemos aqui, enquanto meu 1º Secretário, especialmente, jamais adotaria posição nesse sentido. Daí o porquê do meu registro. Não posso aceitar aquelas manifestações. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. Décio Schauren, solicitando licença para tratamento de saúde, em 24 de abril de 1996.

O Ver. Clóvis Ilgenfritz está com a palavra, para encaminhar o Requerimento de sua autoria.

 

O SR. CLÓVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de fato, o assunto é polêmico. Eu queria deixar claro, no início deste pronunciamento, que não foi nenhum capricho, nenhuma imposição do Partido o meu pedido de retirada deste Projeto já na Sessão Plenária do dia 10 de abril, só que está sendo votado apenas hoje. O Partido pediu que eu permanecesse com o Projeto até aquele momento, tanto o Partido quanto o Governo, quanto à Bancada, tendo em vista que, no nosso entender, ele estava com uma linha de coerência na visão de garantir a institucionalização, mas não engessar e não tirar, em nenhum momento, a autonomia do movimento comunitário que, hoje, usufrui e exerce a democracia participativa, a democracia direta, como diz o filósofo grego Kastoriadis, que esteve aqui, conosco, e se apaixonou pelo assunto. Eu agradeço as referências elogiosas de alguns Vereadores, mas deixo claro que é uma decisão minha, pessoal, porque eu não quero mais servir para ser mal-interpretado, em alguns casos, como fui inclusive, nas reuniões do Orçamento Participativo. Como eu sou pioneiro, junto com outros companheiros que realizaram esta missão na Prefeitura de Porto Alegre quando eu era Secretário de Planejamento, executor do Orçamento, tenho a honra de dizer que eu vou estar agora em Istambul, na Turquia, com o Prefeito e com o Diretor da CRT, com o Coordenador Júlio Lima, não que eu vá junto com eles, mas eles estarão lá dizendo coisas que me orgulho, porque nós plantamos juntos essa semente, e ela hoje está passando pelo mundo como um exemplo importante para, na virada do século, buscarmos formas de participação popular efetivas. Temos que acreditar na democracia participativa, democracia representativa , e foi dito aqui várias vezes que ela tem problemas sérios e precisa se fortalecer na participação do povo, e mesmo Vereadores, Deputados Estaduais e Federais deverão ter interesse nisso. Não tenho nenhuma dúvida de que lá em Istambul estarei, mesmo que inconscientemente, no discurso dos meus companheiros que estão lá orgulhosos da nossa tarefa coletiva do Partido da Frente Popular no Governo de Porto Alegre. Inclusive eminentes personalidades, pesquisadores sociais e políticos de todo o mundo têm vindo a Porto Alegre, têm feito entrevistas e estão fazendo o trabalho.

Esse Projeto é importante. Ele está causando, em todos os setores, inclusive no PMDB do Ver. Airto Ferronato, ao qual agradeço as palavras, está através do seu principal líder, fazendo questão de levar adiante este Projeto no Senado e na Câmara Federal, queria dizer que só porque eu estava sendo mal interpretado que algumas coisas estavam sendo ditas, que eu era o culpado, eu procurei me salvaguardar e continuo pedindo aos Srs. Vereadores que retirem, que deixem. O Projeto é meu. Eu quero retirar. Peço aos Vereadores que aceitem a minha retirada, porque há outros projetos que poderão entrar com teor semelhante imediatamente. A Comissão continua, e isso não prejudica o trabalho da Comissão, nem da Câmara. Eu distribuo aos Srs. Vereadores e na reunião do Orçamento Participativo esse esclarecimento.

Eu fiz uma proposta de Emenda à Lei Orgânica Municipal, que está sendo debatida no Conselho do Orçamento, e espero que seja debatida também na Comissão Especial desta Casa, que eu acho que ela poderá corrigir qualquer tipo de processo que possa ter sido mal encaminhado, inclusive por este Vereador. Quero finalizar, dizendo que o meu compromisso partidário é com a democracia. Eu quero o exercício da democracia sem nenhuma tutela de quem quer que seja e isto não é fácil de acontecer, mas vou continuar lutando por isto. Eu não sou a favor de regulamentação feita por lei, eu sou a favor da autonomia absoluta do movimento comunitário. A lei que vier, se vier, ou a reforma que se fizer, a emenda que se fizer na Lei Orgânica deve ser no sentido de garantir a autonomia e é nesse sentido que a minha proposta foi mandada. Ela foi distribuída, não há tempo para eu ler, mas na minha proposta de reforma à Lei Orgânica fica claro que eu estou querendo que se mantenha a autonomia do movimento. No mais, a autoria ou não autoria, não importa o que importa é que está acontecendo um processo de transformação na sociedade em função desse tipo de projeto que não é meu, mas que é também meu. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Anunciamos, com satisfação, a presença, neste Plenário, do Ver. Fernando Vilela, do PMDB de Santa Cruz. Seja bem-vindo, Vereador. Com a palavra o Ver. Henrique Fontana, para encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Clóvis Ilgenfritz.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, queremos registrar nesta tribuna, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores como estranhamos o fato da importância que o projeto do Ver. Clóvis Ilgenfritz assumiu para alguns Vereadores de outros Partidos nesta Casa. É interessante recapitular que o Orçamento Participativo existe há 7 anos em Porto Alegre e exatamente 6 meses antes da eleição é que esta Casa foi assaltada por um profundo desejo de fazer um debate extremamente aprofundado sobre o Orçamento Participativo. Mais do que isto, o projeto do Ver. Clóvis Ilgenfritz, como disse o nobre Líder do PDT, Ver. Nereu D’ Ávila, está nesta Casa desde o ano de 1991 e o interessante é que o Ver. Nereu D’ Ávila nunca se interessou em debater o projeto do Ver. Clóvis, mas, repito, 6 meses antes da eleição o Ver. Nereu D’ Ávila, para citar um dos exemplos, foi assaltado por um profundo desejo, incontrolável desejo de fazer um amplo debate sobre diversas minúcias do Orçamento Participativo. Tenta inclusive se transformar em uma espécie de especialista do Regimento interno do Orçamento Participativo. Seguramente isso vai-lhe ajudar se V. Exa. passar a freqüentar e discutir sobre o Orçamento Participativo com a comunidade onde V. Exa. tenha participação política. Certamente esse aprendizado vai-lhe ajudar porque a Câmara de Vereadores vai continuar existindo e o Orçamento Participativo vai também continuar existindo e os dois devem ser cada vez mais representativos da sociedade civil.

O que não podemos entender é a lógica e esta sim colocada no substitutivo do Ver. Nereu D’ Ávila que procura trazer para a Câmara de Vereadores um papel de agente fiscalizador da sociedade civil porque é ela que está organizada no Orçamento Participativo. Outra frase colocada pelo Ver. Jocelin que se assume claramente como opositor do Orçamento Participativo. Ele diz que é preciso colocar freios e normas no Orçamento Participativo. Ora, Srs. Vereadores, aqui está explicitada a diferença que existe entre dois grupos de Vereadores desta Casa. Eu não sei quem está de qual lado. Não conhecemos a posição de todos os Vereadores.

Estou, neste momento, falando da minha posição e da posição do Ver. Jocelin Azambuja. Se ele quer colocar freios e normas, eu quero dizer que o papel do Legislativo Municipal não é colocar freios e normas na organização da sociedade civil. Ela está se auto-organizando dentro do Orçamento Participativo e esta é uma forma de democracia que esta Câmara deve aceitar e a minha impressão é de que alguns Vereadores preferem trabalhar com um velho conceito e se sentem ameaçados pela ampliação do papel do Orçamento Participativo na definição dos rumos da cidade de Porto Alegre. É este o debate que está por trás de toda esta nossa conversa. Alguns Vereadores não explicitam isso claramente, mas tem na sua posição a visão de não admitir dividir o poder que tem hoje com a sociedade.

Querem limitar o papel da sociedade civil, uma vez a cada quatro anos escolher trinta e três Vereadores para Porto Alegre e depois esses Vereadores definiram os rumos do orçamento público municipal. Não! Pois estou aqui para insistir numa posição de que se penso que é fundamental a escolha de 33 Vereadores a cada 4 anos, ela não exclui a necessidade da sociedade particular cotidianamente da definição, do rumo a respeito dos recursos públicos. E quero dizer que estranho sobremaneira o papel que se procura dar á retirada do projeto do Ver. Clóvis Ilgenfritz, uma provocação precisa ficar colocada a este Plenário qualquer Vereador que quiser, nesta Casa, pode protocolar projeto idêntico ao do Ver. Clóvis hoje de tarde, não há nenhum problema.

A pergunta que fica é: por que alguns Vereadores não querem permitir que o Ver. Clóvis Ilgenfritz retire o seu projeto de tramitação: Esse sim seria um arroubo autoritário sem precedentes, que seria dizer que um Vereador é obrigado a deixar um projeto tramitado, mesmo quando não quer. E sobre as questões da política interna dos partidos, ressalto que temos divergências, sim, no nosso partido, e conseguimos construir debates democráticos em cima das divergências. Talvez o que alguns não se conformem seja a forma como conseguimos encaminhar as nossas divergências. Talvez alguns partidos precisassem buscar um pouco de exemplo nisso, que não têm conseguido encaminhar suas divergências com essa mesma forma democrática que nós temos conseguido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o PT falou com dois oradores encaminhando o expediente que está sendo discutido, aqueles autores de substitutivos que são parte integrante desse processo também têm o direito de usar duas vezes? Como líder e como (...)

 

O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): Ver. João Dib, ele encaminhou como autor do Requerimento, não tem nada a ver com o projeto.

Encerrados os encaminhamentos, em votação o Requerimento de autoria do Ver. Clóvis Ilgenfritz, solicitando sejam retirados de tramitação o PLL nº270/91 e o Substitutivo nº02, ambos referentes ao Orçamento Participativo. O Ver. Wilton Araújo solicita votação nominal. (Após a chamada.) REJEITADO o Requerimento por 10 votos SIM e 12 votos NÃO.

 

Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. Décio Schauren, solicitando Moção de Apoio à instalação de uma comissão parlamentar mista de inquérito do sistema financeiro no Congresso Nacional. Este Requerimento está prejudicado, tendo em vista que, no dia 11 de março de 96, tramitou Requerimento de idêntico teor, do Ver. Guilherme Barbosa.

Requerimento nº70/96, de autoria da Verª Clênia Maranhão, solicitando que o período de Grande Expediente da Sessão Ordinária do dia 22.05.96 seja destinado a homenagear a FAMURS, pela passagem dos seus 20 anos.

 

O SR. NEREU D’ ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria que V. Exa. esclarecesse este Plenário sobre aquela Resolução adotada na Casa no ano passado acerca da quota de cada Vereador. Eu não sei se estamos votando a mais ou a menos. Não tenho nada contra o Requerimento da Nobre Vereadora; só para que nós tenhamos essa tabela.

 

O SR. PRESIDENTE: As cotas estão sendo rigorosamente cuidadas. Ver. Nereu D’ Ávila.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, para encaminhar o Requerimento de autoria da Verª Clênia Maranhão.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu vou reafirmar o que já coloquei em posições anteriores. Acho que a utilização freqüente do Grande Expediente para esse tipo de homenagem é um hábito e um prática que deve ser interrompida. As situações – de homenagem, as vezes, se justificam, de tal sorte – e no caso, se justifica -, que a Casa faz uma sessão solene, uma sessão especial para fazer a homenagem e utiliza até o Grande Expediente, quando consegue utilizar.

Eu duvido que se encontre meia dúzia de Vereadores que já conseguiram, neste ano, falar no Grande Expediente. A maior raridade, nesta Casa, é se cumprir o Grande Expediente.

Coerente até com o voto anterior que eu dei, eu diria o seguinte: homenagear a FAMURS pelo 20º aniversário tem o meu amplo apoio; comprometer o Grande Expediente para fazer essa homenagem, não tem o meu apoio. Eu acabei de assinar um Requerimento do Ver. Antônio Hohlfeldt que, já se precavendo para segunda-feira, está pedindo a inversão da Ordem do Dia, para que não se tenha aquela situação constrangedora que nós freqüentemente temos aqui na Casa, em que alguém é convidado para, às 14h, participar de alguma homenagem que vai ocorrer nas comunicações do Grande Expediente, aí dá um rebu qualquer aqui na Casa e ficam as pessoas constrangidas diante do fato.

Eu sempre compareço às Sessões Solenes. É uma raridade eu não comparecer. Um dia destes, o Ver. Jocelin Azambuja, na homenagem ao CPERS, falou em meu nome, porque temeu que eu não chegasse aqui a tempo. E eu ainda cheguei a tempo de dar a minha presença naquela reunião. Desta forma, ainda que eventualmente venha a ser aprovado na Casa o Requerimento, eu quero, antecipadamente, da tribuna, dizer que não tenho nada em desapreço à entidade que se quer ver homenageada. O que há é uma discordância que temos reiterado na Casa, em inúmeras oportunidades, pelo meio qual se pretende fazer a homenagem. Se queremos homenagear alguma coisa, alguma entidade, algum cidadão, algum fato relevante, justifica a convocação da Sessão Solene e quem requer que se responsabilize por trazer o quorum, por fazer o Plenário se constituir e não utilize este espaço tão rico, que nós dispomos, que é o Grande Expediente, tanto que toda a Casa lamenta que nunca pode aproveitá-lo, pois tem sido utilizado para fazer homenagens, o que muitas vezes, nestes dias comprometem na Ordem do Dia e da votação, porque certamente quando ocorre essa inversão, dificilmente, nós conseguimos fazer o que estamos fazendo no dia de hoje, que é essa limpeza, no bom sentido, da Pauta, votando todos esses requerimentos que estamos votando. Era isso, Sr. Presidente, e nestas condições antecipo, vou votar contrariamente. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerramos os encaminhamentos. Em votação o Requerimento de autoria da Verª Clênia Maranhão, solicitando que o período do Grande Expediente da Sessão Ordinária do dia 22.05.96 seja destinado a homenagear a FAMURS, pela passagem dos seus 20 anos.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Solicito votação nominal, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. (Após a chamada.) O Requerimento recebeu 07 votos SIM, 03 votos NÃO e 05 ABSTENÇÕES. Não há quorum; portanto, não é válida a votação.

 

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h59min.)

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